Em coletiva de imprensa realizada nesta quinta-feira (27), o Governo de Pernambuco afirmou que a empresa 2G Turismo e Eventos, que, desde 2012, embarca estudantes pernambucanos através do Programa Ganhe o Mundo, não poderá mais participar de processo licitatório da pasta. Na última edição do programa, a empresa de intercâmbio, situada no Recife, venceu três lotes de intercâmbio para o Canadá e outro para enviar estudantes para o Chile. Em ambos os casos, foram relatados problemas de repasse de recursos.
Secretário de Educação e Esportes do Estado, Frederico Amâncio enfatizou que os pagamentos são realizados à empresa vencedora do processo licitatório antes do embarque dos estudantes para qualquer País. "Não existe dívida alguma do Governo do Estado. Os pagamentos e a contratação são com agências aqui no Brasil e essas agências é que fazem contratos com instituições no exterior", explicou.
A última edição foi realizada em nove países. Ao longo de seis anos, mais de 7,5 mil estudantes da rede pública foram beneficiados pelo programa do governo estadual. "Infelizmente, essa foi a primeira vez que verificamos um problema como esse. Soubemos dele através de correspondência que recebemos, pedido ajuda para pressionar a empresa a quitar o débito. Não temos contrato com as empresas no exterior", reforça Amâncio. Segundo ele, um acordo chegou a ser feito no mês de abril, mas a empresa não teria honrado o compromisso com as instituições estrangeiras. A dívida seria de cerca de $2 milhões de dólares canadenses.
Em nota, a empresa afirma que "sempre se empenhou no cumprimento das obrigações, atendendo a todas as determinações, prazos e demandas estabelecidas nos processos de contratação". Quanto ao problema nos últimos lotes, a 2G afirmou que "os preços praticados na execução das últimas remessas de estudantes ao exterior se revelaram insuficientes para fazer frente às inúmeras obrigações decorrentes dos contratos firmados com o Estado de Pernambuco. Essa situação se agravou pela persistência da crise econômico-financeira que assola o país e da alta do dólar, moeda pela qual estão atrelados a maior parte dos custos contratuais. Ainda assim, a 2G decidiu dar seguimento à execução do contrato, enviando todos os alunos para os destinos contratualmente previstos."
Alunos da rede pública do Estado enviados para o Chile pela mesma agência também denunciaram atrasos no recebimento de bolsas, cujo valor é de R$719. Assim como os custeios com estadia, alimentação e estudos, elas também são repassadas via empresa contratada. "Os estudantes recebem seis bolsas mensais no período em que estão do exterior, que funcionam como um extra, uma espécie de mesada para que eles possam realizar passeios, por exemplo. É um valor que não impacta a sobrevivência deles. No último mês, a agência também atrasou o repasse da última bolsa, mas isso já foi regularizado, após pressão do Estado", informou o secretário. A maior parte dos mais de 600 estudantes beneficiados na última edição do programa já retornou ao Brasil. No Canadá, ainda estão 247 alunos, enquanto o Chile tem 75 estudantes do Ensino Médio, que devem retornar nos próximos meses.
Diante desse cenário, a gestão estadual optou por não realizar novos contratos com a 2G Turismo e Eventos. "Por entendermos que a agência não cumpriu integralmente com as suas obrigações e por o Ganhe o Mundo ser uma política exitosa, que já beneficiou milhares de estudantes, a gente não pode trabalhar com uma empresa que não honre seus compromissos no exterior. O governo do Estado tomou a decisão e estamos declarando o impedimento da empresa para novas contratações com a Secretaria de Educação", finalizou Frederico Amâncio.