SURDOS

Projeto da UFPE ajuda surdos para aumentar a inclusão no ensino superior público

Um grupo de 12 surdos teve o desafio de aumentar a inclusão no ensino superior público durante a preparação para o Enem

Rute Arruda
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Rute Arruda
Publicado em 11/11/2019 às 17:26
Foto: Bobby Fabisak/ JC Imagem
Um grupo de 12 surdos teve o desafio de aumentar a inclusão no ensino superior público durante a preparação para o Enem - FOTO: Foto: Bobby Fabisak/ JC Imagem
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Ao longo de vários meses, um grupo de surdos teve o desafio de ampliar a inclusão no ensino superior público durante a preparação para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que aconteceu nos dias 3 e 10 de novembro em todo o Brasil. Desde o início do ano, 12 jovens se preparam no Projeto Gradação, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

Dados do Núcleo de Tecnologia da Informação da UFPE de abril de 2019 mostram que, nos três câmpus da instituição (Recife, Vitória e Agreste), estão matriculados 15 surdos e 77 pessoas com deficiência auditiva. No Sistema de Seleção Unificada (Sisu) 2019, só na primeira chamada do curso de engenharia no câmpus Recife, foram 664 aprovados, sendo 31 com algum tipo de deficiência (visual, auditiva, mental, física ou múltipla).

O Projeto Gradação foi criado em janeiro como programa de extensão. Com aulas ministradas de segunda a sábado, por estudantes voluntários da UFPE, disponibiliza dois intérpretes da língua brasileira de sinais (libras). Mais de 100 pessoas estão envolvidas para que tudo dê certo. “A universidade está cumprindo sua função social”, comentou o coordenador do programa, o professor José Luís Simões. Em 2020, o objetivo é expandir o pré-vestibular para os cegos.

Para Anna Catarina, 21 anos, que dá aulas de redação, lecionar para surdos e ouvintes é um desafio. “A aula tem que ser proveitosa para todos. A gente pode se reaprender.” Um dos deficientes auditivos que tem aproveitado as aulas do projeto é Gabriel Menezes, 31. Apesar de ter perda parcial da audição, prefere usar libras para se comunicar. Ainda não decidiu que curso fazer.

A dificuldade em encontrar um pré-vestibular com intérpretes foi um dos obstáculos para Jadilson Silva, 19. “No começo vim para observar e fazer leitura labial, mas haveria intérpretes para ajudar”, comemorou. O jovem nasceu surdo. Quer fazer química. Matheus Ferreira, 22, também foi surpreendido com o apoio. “Quando eu descobri o Gradação me senti aliviado.” Sua primeira escolha será letras/libras.

CONQUISTA

Mesmo com pouco tempo, o Gradação já deu frutos. Em junho, Ana Raquel Espírito Santo, 18, que ficou surda após contrair meningite com 1 ano e 3 meses, foi aprovada para o vestibular de letras/libras, da UFPE. Ficou em terceiro lugar. A preparação para a prova, no entanto, não foi fácil. “Fiquei muito feliz. Eu me esforcei, estudei muito e agradeci aos intérpretes ao Gradação, que me ajudaram bastante”, contou.

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