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Emoção durante formatura da turma de Alcides

Estudante de biomedicina foi assassinado em fevereiro de 2010, no bairro da Torre

Amanda Tavares
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Amanda Tavares
Publicado em 09/08/2011 às 8:26
Foto: Edmar Melo/JC Imagem
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A noite da última segunda-feira (8) era para ser uma data em que Maria Luiza Ferreira do Nascimento, mãe do jovem Alcides do Nascimento Lins, realizaria um dos seus maiores sonhos. No Centro de Convenções da UFPE, ocorreu a colação de grau da turma em que o jovem estudou, mas não conseguiu concluir o curso de Biomedicina porque foi assassinado, na frente de casa, no bairro da Torre, Zona Oeste, em fevereiro de 2010. Durante o período em que passou na solenidade, foram poucos os momentos em que Maria Luiza conseguiu sorrir, mesmo ouvindo muitas homenagens feitas ao seu filho. "Nada disso adianta. Alcides era a minha vida. Nada tem sentido depois que ele morreu. Passei muito mal quando vi os meninos (concluintes) entrando com as suas mães. Eu entrei com o meu filho no cemitério", desabafou.

Além da turma de Alcides, formaram-se alunos de mais três turmas, todas de Ciências Biológicas: Bacharelado, Licenciatura e Ênfase em Ciências Ambientais. O estudante foi citado nos discursos da oradora, de professores e do reitor Amaro Lins. Este emocionou-se e interrompeu a fala, por várias vezes, chorando. "Conheci Alcides quando ele foi aprovado em primeiro lugar no vestibular, entre os alunos de escolas públicas. Acompanhei a sua trajetória. Ele foi um raio de luz que iluminou aqueles que o conheceram. Um símbolo da paz, da esperança, que nos motiva a lutar para que todos os jovens, independentemente da condição social, tenham acesso à universidade".

Ao falar com os repórteres, Maria Luiza pediu ajuda e afirmou que hoje não recebe qualquer apoio financeiro, nem psicológico. "Me prometeram tudo isso, mas não cumpriram. Uma das minhas filhas está numa situação complicada, não aceita a morte do irmão. Ela fala em suicidar-se o tempo todo", contou a mãe do jovem, que afirmou viver de biscates, como ajudante de pedreiro. "Vou reconstruir minha carroça e voltar a ser catadora".

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