Dois anos atrás, a Universidade de Pernambuco (UPE) anunciou sua intenção de recuperar o sobrado de nº 1599 da Avenida Rui Barbosa, onde pretende instalar o centro cultural da instituição de ensino. O tempo passou e ninguém viu sinal de obra no casarão até agosto último, quando o imóvel amanheceu cercado de tapumes. Na varanda do prédio secular, localizado nas Graças, bairro da Zona Norte do Recife, o vaivém de operários confirma o início dos trabalhos de restauração. “Sim, começamos os serviços”, declara o professor Otto Benar, coordenador do Instituto de Apoio à Universidade de Pernambuco (Iaupe).
E nos dois últimos anos o casarão não estava abandonado e nem esquecido, esclarece o docente. Nesse intervalo, a faculdade levantou toda a história de construção do imóvel, para embasar o projeto de reforma e adaptação aos novos usos. A pesquisa foi realizada pelos arquitetos Fernando Guerra e José Luiz Mota Menezes. A proposta da UPE é recuperar o formato que o prédio tinha na época da construção, início do século 20. Características se perderam em intervenções anteriores e com os famosos puxadinhos para ampliar a área útil do sobrado de dois pavimentos. “O prédio foi muito castigado”, comenta Otto Benar.
O Iaupe assumiu a obra de recuperação física – telhado, coberta, fachada, instalações elétrica e hidráulica – e investe cerca de R$ 1 milhão. O prazo de conclusão dessa primeira etapa é janeiro de 2012. “Entregaremos o prédio em condições de uso para a UPE ocupar os espaços da melhor maneira possível. Todos os acréscimos serão removidos. Esperamos estimular outras ações semelhantes”, diz o professor. O sobrado integra a lista de Imóveis Especiais de Preservação (IEPs) da Prefeitura do Recife. Recebeu o título no início dos anos 90, com outras 153 edificações de importância histórica e arquitetônica para a cidade.
O casarão tem quase 1,2 mil metros quadrados de área construída. Além da obra física, é preciso restaurar o gradil, esquadrias, portas, janelas e elementos decorativos. “Nossas unidades estão espalhadas pelo interior do Estado e as pessoas não conseguem ter a dimensão do tamanho da faculdade, vamos aproveitar o centro cultural para criar essa interface com o público, com exposições permanentes e temporárias.