Centenas de pessoas se reúnem neste momento no Cais José Estelita em uma manifestação pacífica contra o crescimento imobiliário da região. O movimento intitulado OcupeEstelita#, que iniciou nas redes sociais, ganhou as ruas neste domingo (15) com diversas atividades artísticas para pedir a preservação e revitalização das antigas construções e protestar construção de 13 torres de 20 a 40 andares ao longo do cais.
Às 9h já se podiam ver os primeiros manifestantes chegando ao cais. O evento, que deve durar até o fim da tarde, promove a ocupação do espaço de diversas formas, como passeios de bicicleta, grafitagem e performances de circo. Além disso, os envolvidos entregam panfletos com informações sobre o protesto aos transeuntes e motoristas que circulam na região.
O objetivo da ação é questionar o crescimento urbano do Recife. A ideia surgiu após o anúncio da realização do Projeto Novo Recife, que visa a construção de um complexo de 13 edifícios de 20 a 40 pavimentos nos 1,3 quilômetros do cais, local ocupado pelos antigos armazéns de açúcar e da extinta sede da Rede Rodoviária Federal S/A. A área foi comprada em um leilão realizado em 2008, por um consórcio formado pelas construtoras Moura Dubeux, Queiroz Galvão, Ara Empreendimentos e GL Empreendimentos.
Através da iniciativa, os manifestantes visam chamar a atenção das autoridades para propor novas alternativas ligadas à sustentabilidade, com preservação do meio ambiente e da memória material da cidade. "Queremos discutir o modelo de cidade para que haja um planejamento melhor. A construção dessas torres vai prejudicar o trânsito, pois aqui é uma via central para chegar à cidade. Além disso, a construção de prédios muito altos afeta negativamente a paisagem da região", afirma o cineasta Felipe Peres Calheiros.
Ciente da realização do ato, o consórcio do Projeto Novo Recife divulgou no último sábado (14) uma nota à imprensa prestando esclarecimentos à população sobre os pontos questionados pelo OcupeEstelita#. Confira o texto na íntegra:
"O Consórcio Novo Recife, que reúne as empresas Ara Empreendimentos, GL Empreendimentos, Moura Dubeux Engenharia e Queiroz Galvão, tendo em vista a realização, no próximo domingo (15), do “Ocupe Estelita”, no Cais José Estelita, vem esclarecer os seguintes pontos:
1º) As empresas do projeto Novo Recife (Moura Dubeux, Queiroz Galvão e GL Empreendimentos) reiteram a preocupação do projeto com o urbanismo, a mobilidade e a revitalização de uma das áreas mais belas da cidade e que está há décadas entregue ao abandono;
2º) O consórcio Novo Recife lembra que o projeto de desenvolvimento imobiliário para a área passa pela avaliação de todas as instâncias competentes (Prefeitura do Recife, Fundarpe, Iphan);
3º) O projeto Novo Recife, que ainda está sob avaliação da Prefeitura do Recife, vai possibilitar ao morador da cidade a possibilidade de usufruir de áreas verdes, ciclovia e espaço cultural;
4º) O Consórcio Novo Recife ressalta que o projeto garante a preservação dos galpões da antiga Rede Ferroviária Federal, que ficam próximos ao viaduto das Cinco Pontas. No local, está previsto a implantação de um centro de convivência e de cultura;
5º) Além da preservação dos antigos galpões da Rede Ferroviária Federal, o Consórcio Novo Recife vai restaurar a Igreja Matriz de São José, localizada na Rua Imperial. A Igreja, que começou a ser construída em 1845 e levou 20 anos para ficar pronta, sofre com a degradação da sua estrutura. A reforma vai devolver à população da cidade um dos seus marcos históricos;
6º) As empresas do projeto Novo Recife reforçam o compromisso com o desenvolvimento urbanístico do Recife e com a preservação da sua história."