URBANISMO

Desordem que se perpetua em 3,6 km de canal

Moradores da área do Canal do Arruda, na Zona Norte, exigem que o poder público faça remoção de lixo e entulhos

Do JC Online
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Publicado em 21/09/2012 às 6:58
Bernardo Soares/JC Imagem
FOTO: Bernardo Soares/JC Imagem
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Para percorrer os 3,6 quilômetros do Canal do Arruda, na Avenida Professor José dos Anjos, Zona Norte do Recife, é preciso driblar sofás, carroças, montanhas de lixo e suportar o mau cheiro. A água está coberta por garrafas plásticas. Moradores da área têm consciência de que a falta de educação de alguns contribui para a degradação, mas cobram postura mais severa do poder público para amenizar a situação.

Na cabeceira do canal, na Avenida Norte, um hábito que se perpetua por décadas: homens removendo lama do fundo do curso-d’água para depois vendê-la como areia lavada. Ontem, Edvaldo Vital da Silva, 41 anos, e José Rafael dos Santos, 67, realizavam a “dragagem”. “A gente vende a areia por R$ 50 o metro”, conta Edvaldo. Questionado sobre as doenças a que está exposto com a atividade, José, que há 50 anos trabalha como areeiro, afirmou que a única vez que teve algo foi quando “inventou” de calçar botas.

A atividade além de irregular, pois configura-se como apropriação de área pública, é perigosa porque a areia comercializada é contaminada por sedimentos depurados e prejudiciais à saúde. Avançando alguns metros, em frente ao Estádio José do Rêgo Maciel, uma camada de garrafas PET cobre a água. Nas margens do canal encontram-se sofás, carros enferrujados, carcaças de geladeiras e cavalos.

“Às vezes vêm pessoas de fora colocar lixo aqui, até dinheiro já me ofereceram para jogar metralha. Certa vez abandonaram um cavalo morto e eu fui atrás para mandar tirar. Faz seis meses que limparam o canal, mas nem parece”, conta Josilda Ferreira da Silva, que mora no trecho situado na Avenida Correia de Brito, em Campo Grande.

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Canal do Arruda, Zona Norte do Recife, tem 3,6 quilômetros de sujeira, mau cheiro e descaso. - Bernardo Soares/JC Imagem
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Canal do Arruda, Zona Norte do Recife, tem 3,6 quilômetros de sujeira, mau cheiro e descaso. - Bernardo Soares/JC Imagem
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Canal do Arruda, Zona Norte do Recife, tem 3,6 quilômetros de sujeira, mau cheiro e descaso. - Bernardo Soares/JC Imagem

Em outra área, defronte ao residencial conhecido por Nossa Senhora de Fátima, uma montanha de entulhos não para de aumentar. A qualquer hora do dia, caminhões descarregam caçambas de lixo. Os moradores da área se preocupam com a invasão de escorpiões. “Isso virou um descaso muito grande e ninguém faz nada. Quando o material invade a via mandam um caminhão para empurrar mais pra trás, mas ninguém tira”, explica Gercionice da Silva dos Anjos, que há 27 anos mora no bairro. “Juntei um vidro cheio de escorpiões para mostrar à prefeitura a situação, mas foi o mesmo que nada”, acrescenta Antônio Freire. Um mês após a reportagem do JC percorrer o canal, a situação piorou. Agora os entulhos invadiram as duas margens.

SEM FISCAIS - Sobre o acúmulo das metralhas, a Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb) repetiu a mesma resposta do mês passado, quando o gerente de fiscalização explicou que por ser área de risco não é possível colocar fiscais para monitorar os infratores. Segundo o órgão, para resolver a questão é preciso uma iniciativa conjunta entre a Emlurb, a Brigada Ambiental e a polícia. A prefeitura só pode atuar quando o lixo invadir a rua.

Em relação à limpeza do curso-d’água, a Emlurb, em nota, informou que este ano o local recebeu duas operações de desobstrução. Cerca de 3 mil toneladas de lixo foram retiradas em fevereiro e junho.

 

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