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Grande Recife no topo do tempo perdido no trânsito

Região é 3ª do Brasil onde há mais demora no deslocamento entre casa e trabalho

Wagner Sarmento
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Wagner Sarmento
Publicado em 19/03/2013 às 6:42
Guga Matos/JC Imagem
Região é 3ª do Brasil onde há mais demora no deslocamento entre casa e trabalho - FOTO: Guga Matos/JC Imagem
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A reclamação unânime de motoristas de carros particulares e usuários do transporte público do Grande Recife ganhou eco em números. Estudo divulgado na semana passada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revelou que a nossa região metropolitana é a terceira do Brasil onde há mais demora no deslocamento entre casa e trabalho. O tempo médio gasto no trajeto era de 35 minutos em 2009, ano no qual se baseou a pesquisa. De lá para cá, no entanto, a situação só piorou. De acordo com o Departamento Estadual de Trânsito (Detran), a frota da RMR passou de 846.535 veículos, quatro anos atrás, para 1.119.745, em 2013.

A viagem do recifense até o serviço é mais demorada que a registrada em grandes cidades do mundo, como Nova Iorque, Tóquio, Paris, Madri e Berlim. Na liderança do ranking das regiões brasileiras mais travadas estão São Paulo e Rio de Janeiro, com tempo médio de 43 minutos. A Região Metropolitana do Recife vem logo em seguida, empatada com o Distrito Federal, e com um trânsito pior que a Grande Salvador e a Grande Belo Horizonte, ambas com uma demora de 34 minutos.

O levantamento incluiu as nove maiores regiões metropolitanas do País: Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre, mais o DF.

Um dado curioso é que a RMR tem o terceiro pior trânsito da nação, mesmo ostentando a terceira taxa mais baixa de motorização entre as áreas incluídas no estudo (15,3 automóveis para cada 100 pessoas). Curitiba, por exemplo, tem uma taxa quase três vezes maior, mas o tempo médio gasto entre casa e trabalho é três minutos menor. Ainda conforme o Ipea, 12% dos habitantes do Grande Recife gastam mais de uma hora de casa até o serviço.

Outra peculiaridade do Recife é que, segundo o relatório do Ipea, se trata da única região metropolitana em que a diferença de tempo de viagem entre ricos e pobres é nula. O cenário é semelhante ao registrado em Salvador, Fortaleza e Belém, mas em menor escala, com cerca de cinco minutos de vantagem para os mais abastados. Em Curitiba, os mais pobres fazem viagens 61% mais demoradas. Em Brasília, o percentual chega a 75%. O documento critica ainda o fato de que a RMR não possui um sistema de transporte público que atenda à demanda, o que torna a situação ainda mais dramática.

O especialista em transporte Maurício Pina, professor de engenharia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), credita a lentidão no trânsito a dois problemas principais: transporte público precário e sistema viário ultrapassado e incompleto. “Por um lado, a ausência de um transporte público de qualidade impele as pessoas a buscar soluções individuais, ou seja, comprar carros. Outro motivo é que o Recife é uma cidade antiga, com uma estrutura viária concebida nos anos 80 e que não foi totalmente implantada. Temos quatro perimetrais, mas a segunda e a terceira nunca foram concluídas, o que acaba sobrecarregando a primeira e a quarta (Avenida Agamenon Magalhães e BR-101)”, explica.

 

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