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Afogamentos matam mais que ataques de tubarão

Este ano, 110 pessoas morreram ao se afogar, enquanto apenas duas faleceram em acidentes com animais

Da editoria de Cidades
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Publicado em 25/07/2013 às 9:20
Foto: Diego Nigro / JC Imagem
Este ano, 110 pessoas morreram ao se afogar, enquanto apenas duas faleceram em acidentes com animais - FOTO: Foto: Diego Nigro / JC Imagem
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Duas mortes por ataques de tubarão este ano em Pernambuco. E 110 por afogamento. Levantamento realizado ontem pela Secretaria de Defesa Social (SDS) revela que, apesar do risco, os animais não são os maiores vilões das praias do Estado. A pesquisa revela que o número de óbitos por mordidas de tubarão representa menos de 2% do total de pessoas que morreram afogadas em 2013. É o equivalente a quase uma morte a cada dois dias. Um problema cotidiano e que, segundo o governo, reforça a posição de que a tragédia envolvendo a turista paulista Bruno da Silva Gobbi não pode justificar a proibição dos banhos de mar.

“Essas coisas estão no nosso cotidiano. A preocupação básica em todas as praias do nosso Estado é relativa a afogamento. Se um profissional de natação corre o risco de se afogar, imagine um banhista comum. O que a população precisa é aprender a conviver com isso, saber os limites e respeitar as orientações”, comentou o comandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel Carlos Eduardo Casanova.

Segundo ele, o mar se comporta de diversas maneiras. “Cada local possui características próprias. Além disso, ora o mar pode estar erodindo, ora pode estar com corrente de retorno”, observou. Casanova pontuou que os bombeiros contam com um efetivo de 250 homens apenas na orla do Grande Recife e oito postos instalados nos 30 quilômetros de costa – número que será ampliado para 11.

Estudo da Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático (Sobrasa) demonstra que, entre 2001 e 2010, houve 4.255 mortes por afogamento em Pernambuco, das quais 43,6% em águas naturais. De acordo com a SDS, foram 360 óbitos em 2011 e 241 no ano passado. Ou seja, 4.856 pessoas morreram afogadas desde 2001. No mesmo período, 13 pessoas morreram em ataques de tubarão no Estado.

DISPARIDADE - Uma das maiores autoridades do Brasil no assunto e ex-presidente do Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões (Cemit), Fábio Hazin ministrou palestra na manhã de ontem durante o 65º Encontro Anual da Sociedade Brasileira pelo Progresso da Ciência (SBPC), na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), na qual comentou a disparidade das ocorrências de ataques de tubarão e afogamento.

“Não acho que haja fundamento fechar as praias (proposta do MPPE) e, se forem fechadas, que seja por afogamento, que mata muito mais do que os tubarões ao longo do ano”, frisou ele, vice-presidente do Comitê de Pesca da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).

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