O dia seguinte ao desmoronamento de uma barreira no bairro do Jordão, no limite entre o Recife e Jaboatão dos Guararapes, foi de dúvidas e medo entre os moradores da região. Famílias de 24 casas, orientadas a deixar os imóveis, estão se arranjando como podem na casa de parentes. Alguns comerciantes também resolveram sair do lugar, temendo novos desmoronamentos.
Esta segunda-feira (19), técnicos e engenheiros da Secretaria-Executiva de Defesa Civil do Recife e operários da Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana da cidade (Emlurb) fizeram uma operação na área. Árvores foram retiradas das barreiras para evitar novos deslizamentos.
O dia também foi de muita tristeza para a família de Júlia Aparecida Ferreira Ramos, 15 anos, que morreu depois de fica soterrada nos escombro da casa. O corpo da adolescente foi liberado do Instituto de Medicina Legal, no Recife, no fim da manhã e levado para Sertânia, no Sertão pernambucano, terra natal da família. O enterro ocorre na manhã desta terça (20).
entrevista com a mãe da adolescente
Uma bebê de 15 dias de vida, Rute, também morreu no deslizamento. A mãe dela, Josenilda Soares Raposo, 30 anos, está internada no Hospital da Restauração (HR), Centro do Recife, onde vai passar por uma cirurgia na perna esquerda, que ficou machucada no acidente. Ela está bem e a todo momento pergunta pela amiga Júlia. Ainda não sabe que a jovem morreu no soterramento.
entrevista com mãe do bebê
O auxiliar de serviços gerais Gilson de Souza, 40, foi uma das pessoas que tiveram de deixar o lugar onde morava com a família, no Jordão. “Moro com minha mulher e seis filhos. Mandei todo mundo pra casa de um irmão e fiquei aqui. Não temos o que fazer nem para onde ir. Esperamos que alguém do governo nos ajude”, desabafou.
O comerciante Otomar Parizotto, dono da Churrascaria Paraná, parcialmente destruída na queda da barreira, não sabe ainda o tamanho do prejuízo. “Pelo que já vimos, perdi uma TV e um computador. Além de ter que reformar a parede que foi destruída”, calculou.
Moradores fizeram questão de mostrar que as casas acima da barreira que deslizou estão localizadas na cidade do Recife. “Recebo contas aqui e todos os endereços mostram isso”, enfatizou a dona de casa Maria Lúcia da Silva, 60.
Ela é vizinha da residência que desabou e também deixou o bairro. “Foi uma tragédia que nunca imaginei que pudesse acontecer. Nunca vou esquecer desse dia”, registrou. Quem mora na área diz que a casa que caiu fica exatamente na linha divisória entre os municípios.
ASSISTÊNCIA - A Defesa Civil do Recife explicou que dez engenheiros e técnicos de edificação trabalharam durante toda a segunda fazendo vistorias na região, em conjunto com a Defesa Civil de Jaboatão dos Guararapes.
A Companhia Estadual de Habitação e Obras (Cehab) assegurou o auxílio-moradia para as famílias que deixaram as casas no Jordão. A companhia também garantiu também que cada família receberá um apartamento num conjunto habitacional que está sendo construído próximo ao local.
