LIMPEZA URBANA

Margaridas de volta às ruas

Cerca de 25 anos depois, 20 mulheres passaram a compor equipe responsável por varrer vias centrais do Recife

Do JC Online
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Publicado em 11/12/2013 às 7:36
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As margaridas voltaram. Quem passar pelas ruas do Bairro do Recife, no Centro, vai se deparar com uma figura de gari completamente diferente da habitual. Ontem, 20 mulheres passaram a compor a equipe de limpeza urbana da cidade. Cerca de 25 anos se passaram desde que se viu no Recife mulheres trabalhando como varredoras. Elas enxergam no exercício desta função, considerada há algum tempo exclusivamente masculina, a oportunidade de mostrar que não são tão frágeis como uma flor.

São donas de casas, ex-domésticas, mães. Acostumadas ao trabalho pesado, mas não muito reconhecidas por isso no mercado, elas começaram a trabalhar como garis no início da década de 1990. "Trabalho como gari há 26 anos. No início, vi algumas mulheres trabalhando na área. Mas depois sumiram", contou José Bonifácio, 54 anos. "Acho ótimos elas receberem essa oportunidade, de mostrar que também podem fazer a atividade fora de casa."

Fabiana Correia da Silva, 28, está sendo treinada por Bonifácio. Será assim durante 20 dias, para todas as margaridas. Elas trabalharão em dupla, com um homem, que passará as dicas do dia a dia na rua. "Quero ganhar meu salário certinho todos os meses, ser respeitada pelo que faço e ganhar reconhecimento da firma. Vou me dedicar", contou Fabiana.

Ela era babá. Há quatro anos, largou o emprego para se dedicar exclusivamente à família. No início do ano, passou a fazer panfletagem na rua. Hoje, separada e mãe de um menino de 7 anos, Fabiana tem muitas expectativas para 2014. "Acho que vai ser uma boa experiência. Quero me dedicar o máximo que eu puder", disse, entre risos.

DETALHES-O gerente de fiscalização de Fiscalização e Limpeza Urbana da Emlurb, Avelino Pontes, disse que a mulher tem um papel fundamental nesse tipo de serviço. "Elas foram colocadas, principalmente, em áreas turísticas da cidade. Elas têm, por natureza, um jeito de olhar para um canto que precisa de mais atenção, um detalhe", contou. O número pode aumentar. "Vamos ver como elas se saem, o que vai dar certo, o que precisa melhorar e, com o tempo, vamos aumentando a quantidade." Até então, não havia registros de mulheres trabalhando na área de limpeza no Recife. A última, foi uma motorista de caminhão, que abandonou o trabalho há anos.

O nome "margarida" foi dado às garis na década de 1980, quando o primeiro grupo de mulheres começou a trabalhar na área, em São Paulo. Foi escolhido por remeter ao branco, que remetia à limpeza, e por conter no meio do nome a palavra gari.

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