O desembargador-presidente do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) em Pernambuco, Ivanildo Andrade, declarou que a paralisação dos rodoviários realizada no início da manhã desta sexta-feira (31) é ilegal. Segundo ele, outros meios judiciais poderiam ser utilizados para impugnar as irregularidades do processo eleitoral do sindicato. A ilegalidade do movimento, por conseguinte, dá margem para que os donos das empresas de ônibus possam demitir os trabalhadores que participaram do manifesto. As declarações foram feitas em entrevista à Rádio Jornal, no programa Super Manhã, ao comunicador Geraldo Freire.
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Das 6h às 9h10 desta sexta, os grupos de oposição à presidência do Sindicato dos Rodoviários fizeram piquetes em diversos pontos da cidade, para que o trânsito fosse travado. A Avenida Guararapes, na Boa Vista, e o Terminal Tancredo Neves, na Imbiribeira, foram os locais mais afetados pelo engarrafamento, com filas de ônibus a atrapalhar o tráfego.
Para o desembargador, a insatisfação com a atual gestão é um problema intra-sindical, que não deveria acarretar prejuízos à população. "A mobilização do ano passado aconteceu por conflito de interesses entre empregador e empregado. Neste caso, o direito de greve é assegurado. Mas essa paralisação de hoje é um conflito intra-sindical, que deve ser resolvido dentro do próprio sindicato", explicou Andrade.
A instrução dada por Ivanildo é que os trabalhadores deveriam provocar o TRT e outras entidades a mediar a situação. "O Tribunal só funciona se for provocado pelos trabalhadores. A partir do momento em que for registrada a denúncia ou a insatisfação, nós entraremos em ação para tentar resolver o problema. Agora o direito de greve não é reservado para questões intra-sindicais", pontuou o desembargador.
Os grupos Oposição de Verdade e CSP Conlutas organizaram a mobilização na manhã desta sexta em represália à maneira como foi conduzido o processo eleitoral para a presidência do Sindicato dos Rodoviários. Eles consideram que o presidente Patrício Magalhães fechou o cerco para que outras candidaturas não fossem registradas.
Por outro lado, Patrício considera que as oposições são movidas por interesses político-partidários de grupos paulistas, fazendo os rodoviários de "massa de manobra". O presidente da Urbana, Fernando Bandeira, também endossa o discurso do dirigente dos rodoviários e acredita que os manifestantes poderão ser demitidos.