MOBILIDADE

Recifense cobra infraestrutura e segurança para trocar carro por bicicleta

Pesquisa realizada pelo Instituto Maurício de Nassau constata que moradores da capital aprovam o uso das ciclovias e ciclofaixas

Do JC Online
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Publicado em 23/03/2014 às 23:52
Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem
Pesquisa realizada pelo Instituto Maurício de Nassau constata que moradores da capital aprovam o uso das ciclovias e ciclofaixas - FOTO: Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem
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Não é à toa que as ciclofaixas móveis de lazer, criadas há quase um ano pela Prefeitura do Recife, estão lotadas quando funcionam aos domingos e feriados. Levantamento realizado pelo Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau mostra que o recifense gosta, aprova e quer a expansão do uso da bicicleta na cidade, uma forma de redescobri-la. Mas que, sem infraestrutura para oferecer rotas racionais, interligadas e, principalmente, seguras, o uso será prioritariamente para o lazer. A maior parte da população não trocará o carro, a moto e até mesmo o transporte público para chegar de bike ao trabalho se o poder público resistir à implantação de ciclovias e ciclofaixas. Ou seja, é mais do que urgente a ampliação do que existe e a criação de novos equipamentos seguros para os ciclistas.

O que apurou a pesquisa, realizada nos dias 6 e 7 de março, ouvindo 631 pessoas, confirma-se nas ruas. O gerente de projetos Renato de Souza, 42 anos, adora pedalar, usa a ciclofaixa móvel com frequência e já participa de grupos de ciclismo, mas ainda não teve coragem de adotar a bike como meio de transporte. Vai ao trabalho de automóvel, mesmo levando mais do que o dobro do tempo da bicicleta. “Deixaria o carro na hora se houvesse uma rota segura, um pouco arborizada porque o calor é insuportável, e se onde trabalho houvesse estrutura de banho. Moro em Casa Forte e trabalho no Cais do Apolo. De carro, gasto entre 50 minutos e 1h10. De bike, são 25 minutos. Adoraria mudar”, argumenta.

A pesquisa do Instituto Maurício de Nassau revela que 75% das pessoas ouvidas são a favor da criação de ciclofaixas no Recife, contra 19,7% que desaprovam. Mas que, desse total, apenas 20,6% estariam dispostas a trocar o transporte público, o carro ou a moto pela bicicleta no deslocamento diário pela cidade. Entre os entrevistados, apenas 15,9% usam a bicicleta frequentemente, enquanto 77,9% não fazem uso com frequência. Quem utiliza, o faz, em sua maioria, por lazer (61,2%). Apenas 15,3% usam para o trabalho. As razões para não usar a bike frequentemente não são novidade, mas refletem que, com estímulo, as pessoas mudariam hábitos.

“O argumento de que não gosta foi apontado por 29% dos entrevistados. Esse gostar é algo subjetivo. Veja o exemplo das ciclofaixas móveis. Quando não tínhamos, ninguém usava a bicicleta. Quando elas foram criadas, muita gente que não costumava usar os equipamentos, por diversas razões, passou a usar. As pessoas têm uma tendência a responder a estímulos. É o caso das ciclovias e ciclofaixas. Se o poder público investir num sistema seguro, com rotas racionais, interligadas, mudará essa opinião”, ensina Djalma Guimarães, economista do Instituto Maurício de Nassau e coordenador da pesquisa.

O economista alerta, ainda, para outra questão: a importância de a iniciativa privada acordar para essa demanda crescente de pessoas interessadas em pedalar. “As empresas necessitam criar espaços para que os funcionários possam tomar um banho, por exemplo, ao chegar de bicicleta. Só assim serão estimulados”, diz Djalma Guimarães.

Entre os argumentos para não usar a bicicleta com frequência, os entrevistados apontaram, também, problemas de saúde (23,3%), perigo e falta de segurança (15,9%) e o fato de não saber pedalar (9,7%). Entre as pessoas ouvidas que afirmaram utilizar a bicicleta com frequência, o principal problema do uso no Recife é a falta de respeito no trânsito (25,8% dos entrevistados), a falta de ciclofaixas e ciclovias (23,6%), o trânsito (23,6%) e a falta de segurança (9,0%). Ou seja, com espaço segregado, permanente e seguro, mais pessoas usariam as bikes pela cidade.

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