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Engenho Jundiá: um mergulho no passado

Em Vicência, Zona da Mata Norte, a 87 quilômetros do Recife, espaço faz parte do roteiro do turismo rural e da cultura da cana-de-açúcar em Pernambuco

Cleide Alves
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Cleide Alves
Publicado em 29/03/2014 às 6:09
Foto: Hélia Scheppa/JC Imagem
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Assim como o Engenho Uruaé, em Condado (também na Mata Norte, a 58 quilômetros da capital), Jundiá concilia moradia com visitação turística. Quem bate à porta do chalé pintado de branco, com janelas e adornos azuis, no sopé da Cordilheira das Mascarenhas, é recebido por uma simpática senhora. Zélia Maria César Correia faz sala para os hóspedes e mostra cada pedacinho da propriedade que administra com o marido.

A equipe do JC chegou ao lugar sem aviso. Mas as visitas devem ser agendadas e sempre em grupos de, no mínimo, dez pessoas. O Engenho Jundiá, onde nasceu o geógrafo Manoel Correia de Andrade (1922-2007), pertence à família Correia de Oliveira Andrade desde 1879. “A propriedade existe desde 1750 e o engenho foi fundado em 1817”, informa Zélia Maria César.

Foto: Hélia Scheppa/JC Imagem
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Duas senhoras de engenho moraram no casarão, que não tem tombamento, mas é preservado pelos herdeiros. Até a fuligem deixada nos caibros do telhado da cozinha, pelo fogão à lenha, está mantida. “A cozinha é a única parte reformada da casa. Moro aqui e precisava de conforto. Mas não substituímos os caibros enegrecidos”, afirma.

A parede é feita de areia, cal, barro e água, mistura que se chama de caliça

Zélia Maria César Correia faz sala para os hóspedes

Zélia conduz os visitantes pelos cômodos e vai narrando aos poucos a história do Engenho Jundiá, que deixou de moer em 1956, quando passou a fornecer cana para usina. “Essa era a carretilha de fazer sequilhos e esse era o almofariz onde se macerava os temperos”, diz ela, apontando objetos usados na casa no início do século 20. Um telefone de 1920, adquirido pelos primeiros moradores do lugar, virou peça de exposição.

Um trecho do corredor, propositalmente sem reboco, é o mote para contar aos turistas a forma de construção do imóvel. “A parede é feita de areia, cal, barro e água, mistura que se chama de caliça”, explica. O piso, da década de 20, é de ladrilho hidráulico. o Engenho Jundiá fabricava açúcar e tinha uma destilaria de aguardente.

O Engenho Jundiá conserva duas igrejinhas. Construída em 1905, a Capela de Nossa Senhora da Conceição fica no Pico do Jundiá, a 470 metros de altitude. A outra, erguida em 1964, ao lado da casa-grande, é dedicada a Santa Joana D’Arc. “Temos três procissões saindo do engenho, no primeiro domingo de dezembro, no dia do Natal e em 6 de janeiro”, informa.

A primeira romaria é feita a pé, até a capela mais antiga. No dia 25 de dezembro o andor com a imagem de Nossa Senhora da Conceição parte do engenho para a “rua”, como os moradores da área rural definem a cidade de Vicência, numa procissão motorizada. Em janeiro, o povo da “rua” devolve a imagem para a Capela de Santa Joana D’Arc.

Nessa capela são realizados casamentos, com recepção na casa-grande, mobiliada com mesas, cadeiras de palhinha, armários e camas antigas. Retratos da família (identificados) decoram as paredes.

FÁBRICA

Além do casarão – também chamado casa de vivenda – e das capelas, o Engenho Jundiá preserva parte da antiga fábrica (moita) de 1817. Era o lugar onde se produzia açúcar, mel e aguardente. Da antiga estrutura, sobrou a casa de purgar, onde se limpava o açúcar. Todos os buracos onde se apoiavam as formas estão lá.

Considerado de médio porte, o Engenho Jundiá produzia 40 pães de açúcar por dia, diz ela. Quatro formas ainda existentes viraram objeto de exposição na velha fábrica, junto com cangas de boi, tachas de mel, um banguê (padiola de cipó para transportar o bagaço da cana e o pão de açúcar), ferros para marcar o gado, cambitos (ganchos de madeira colocados nos burros que carregavam a cana) e uma balança inglesa.

A visita é de um dia, com direito a lanche e almoço. Trilhas na mata, com acompanhamento de guia, podem completar o passeio

A visita é de um dia, com direito a lanche e almoço. Trilhas na mata, com acompanhamento de guia, podem completar o passeio. “Se houver interesse, promovemos palestras formais”, avisa. As palestras são feitas pelo marido de Zélia, João Antônio Correia de Oliveira Andrade, que mora no engenho desde 1958 e também recepciona os grupos.

Cocadas e compotas feitas na casa (laranja, jaca, carambola, ambrosia) estão à venda, como suvenir. Os agendamentos são por e-mail ([email protected]) e telefone (81-99826111 ou 81-92341312) e as visitas podem ser marcadas em qualquer dia da semana.

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