solidariedade

Analista ajuda médicos a se comunicarem com pescador atacado por tubarão

Voluntário se ofereceu como intérprete do indonésio mordido em alto-mar. Gesto foi elogiado pela direção do HR

Veronica Almeida
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Veronica Almeida
Publicado em 13/06/2014 às 6:34
Foto: Dani Neves/JC Imagem
Voluntário se ofereceu como intérprete do indonésio mordido em alto-mar. Gesto foi elogiado pela direção do HR - FOTO: Foto: Dani Neves/JC Imagem
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Era dia de jogo do Brasil, abertura da Copa do Mundo, pouco tempo para trabalhar e se unir à família, organizar a festa de última hora. Mas Marcos André de Oliveira, 36 anos, encontrou tempo extra para ouvir, acolher, traduzir, ajudar um desconhecido a se tranquilizar e recuperar a saúde. O analista de sistema, que viveu por cinco anos como voluntário da ONU na Indonésia, ofereceu-se como intérprete para facilitar a comunicação entre o pescador Sunarko, 43 anos, atacado por um tubarão, e os médicos do Hospital da Restauração, do Recife, que tratam do paciente.

“É uma sensação muito boa ajudar. Afinal, qualquer pessoa que adoece num País que não fala sua língua pode passar por esse sofrimento. Poderia ter sido comigo, com minha mulher. E a gente gostaria que fizessem o mesmo conosco”, dizia tranquilo na manhã de ontem Marcos André, após intermediar uma conversa dos médicos com o paciente.

Assim que soube do acidente pela imprensa, Marcos pensou em oferecer ajuda. Notícias divulgadas na quarta-feira, dando conta que os médicos tinham se comunicado por gestos com Sunarko, o fizeram concretizar o desejo. Na mesma tarde seguiu ao HR e conseguiu se comunicar com o pescador, que fala javanês (ele é da Ilha de Java) e bahasa indonesia, a língua que Marcos aprendeu em 2005, quando viajou à Indonésia, acompanhando a mulher, que é enfermeira. Os dois foram voluntários das Nações Unidas no processo de recuperação do país oriental após um tsunami. “É uma língua fácil. Estudei e aprendi em três meses”, conta o analista de sistemas que passou cinco anos fora do Brasil.

Ontem, ele ensinou Sunarko a gemer dizendo “ai” em vez de “adu”. Depois do contato explicou que o povo dessa região só tem um nome próprio. Disse que o pescador está preocupado com o que vai acontecer a partir de agora e ansioso para voltar para casa.

A direção do Hospital da Restauração reconheceu, por meio de sua assessoria de imprensa, o grande serviço humanitário prestado pelo analista de sistema. Principalmente porque não há representação diplomática da Indonésia em Pernambuco.

Sunarko, conforme o último boletim médico, evolui bem após a cirurgia e já foi transferido à enfermaria de cirurgia vascular. “No momento não há sinais de infecção na ferida, há boa circulação no membro afetado (braço direito) e seu estado geral é bom. A equipe de cirurgia vascular fez curativo e o paciente segue tratamento com transfusão de sangue e antibióticos para combater uma possível infecção”, informa o boletim.

Os cirurgiões Eli Marcos Nunes e Clark Vieira explicaram na quarta-feira, dia da cirurgia, que as 48 horas após a operação são essenciais para se definir um prognóstico. Infecções e a grande perda de sangue podem gerar complicações. O ataque ocorreu a 500 quilômetros da costa pernambucana, na última terça-feira. Sunarko estava num pesqueiro de bandeira japonesa. Foi atacado por um tubarão resgatado numa rede lançada ao mar. O corte atingiu a parte posterior do braço numa extensão de 15 centímetros, causando o rompimento de vasos, musculatura e nervos.

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