Festa

Moradores declaram o amor ao Recife e a Olinda, no aniversário das cidades

Utilizando o aplicativo ComuniQ, leitores enviaram fotos e poemas para homenagear as cidades irmãs. Olinda completa 480 anos e o Recife celebra 478 anos

Cleide Alves
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Cleide Alves
Publicado em 12/03/2015 às 8:08
Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
Utilizando o aplicativo ComuniQ, leitores enviaram fotos e poemas para homenagear as cidades irmãs. Olinda completa 480 anos e o Recife celebra 478 anos - FOTO: Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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No aniversário de fundação do Recife e de Olinda, nesta quinta-feira, 12 de março, moradores e ex-moradores das duas cidades usaram as lentes de suas câmeras para homenagear as donas da festa. Nada de máquinas apontadas para buraco nas calçadas, lixo em canais e árvores cortadas. Pelo menos no dia em que a capital pernambucana completa 478 anos de existência e a sua vizinha, Patrimônio Cultural e Natural da Humanidade, comemora 480 anos, a população mostra a beleza que se esconde e se revela nas praças, nos rios, nos quintais, nas ruas e no casario colonial.

A ideia de celebrar a data com fotos produzidas por gente que faz (e vive) as cidades partiu do JC, numa missão lançada semana passada. Quase cem imagens foram enviadas pelo ComuniQ, aplicativo que serve de canal entre o leitor e os veículos do Sistema Jornal do Commercio de Comunicação. No aplicativo, você pode passear pelas fotos. Aqui, você vai conhecer seus autores e saber as histórias por trás das paisagens.

Eduarda Trajano, a jovem sorridente do Bairro Novo, escolheu a clássica paisagem de Olinda com o Recife ao longe, para expressar o amor pelo lugar onde nasceu e onde cria laços de amizade. “Fiz a foto num dia de domingo. Estava na Sé e vi aquela cena bonita na minha frente. Foi uma coisa de momento”, diz Eduarda, que está se preparando para entrar na universidade, mas sempre encontra tempo para “olindar” na Cidade Alta.

“Todas as vezes que estou olindando (andando sem compromisso, numa tradução livre), descubro algo novo. Nunca é o mesmo lugar, embora seja. É muito bom olhar para esse pedaço de Olinda e saber que as casas e as árvores não serão derrubadas e transformadas em prédios”, afirma a adolescente. Se a arquitetura colonial do Sítio Histórico encanta a menina, as edificações ecléticas e neoclássicas do Bairro do Recife são as preferidas de Renato Alves, 32.

Analista de atendimento no Recife Antigo, ele não pensa duas vezes ao ser provocado para indicar um lugar bonito da cidade: “O Marco Zero! Aqui começa toda a história do Recife, a praça é o marco zero da vida de muitos pernambucanos, de mudança de religião a começo de namoro, passando pelo primeiro Carnaval”, brinca Renato, residente em Areias, Zona Oeste da capital.

Aos olhos do pesquisador de preços Wellington Jerônimo da Silva, 43, o Recife se revela verde, como o Rio Capibaribe forrado por um tapete de baronesas (planta aquática) e emoldurado pelas árvores de mangue. “O Capibaribe é a cara do Recife, até com o rio sujo a cidade fica bonita”, diz ele. “Estava num ônibus, passando pelos bairros das Graças e da Torre, quando fiz a foto. Achei lindo o rio cheio de baronesa, combinando com o manguezal. Assim que soube da missão JC, lembrei da foto”, conta Wellington.

O verde também inspirou o engenheiro Juscelino Bourbon, 63, e ele nem precisou sair de casa para compartilhar com o público uma imagem bonita da Cidade Alta. “Fotografei o meu quintal. Na verdade, o jardim da minha esposa, com pés de limão, goiaba, caju, abacate, manga, uva e maracujá, além de flores e verduras. É uma homenagem à cidade e também a ela. As pessoas falam muito dos bonecos e das ladeiras de Olinda, mas os quintais são belíssimos e compensam a ausência de árvores nas ruas”, declara.

Moisés Pereira, 44, condutor socorrista do Samu fez caminho semelhante ao de Juscelino e dedica ao Recife e aos pais a foto do Cinema São Luiz, no bairro da Boa Vista, com o filme Anastácia em cartaz. “Selecionei fotos do Recife dos anos 60, quando meus pais eram jovens. Era essa a cidade que eles curtiam, onde passeavam e namoravam. O Recife é um lugar amável em qualquer época”, comenta.

Administrador aposentado, Arnóbio Vieira de Farias, 80, vive em Jaboatão dos Guararapes, mas já morou no Recife e em Olinda. Paraibano de nascimento, preferiu ser cortês com as duas aniversariantes e pediu ao neto Arthur Britto, 23, para fotografar um quadro que ele fez, retratando as cidades irmãs, e enviar ao ComuniQ. “Meu avô pintou esse quadro nos anos 90 e botou na sala da casa. Ele mora em Pernambuco desde 1959 e é apaixonado pelas duas cidades”, diz Arthur.

Irmão do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, o advogado e poeta Antônio Campos usou outra plataforma para saudar a mais velha das aniversariantes. No lugar de fotos, está escrevendo um livro (Louvação a Olinda) e divulga hoje o primeiro capítulo da publicação, às 10h, na Casa do Livro Infantil e da Leitura de Olinda (Clilo), no Largo do Amparo.

“O livro completo, com fotografias de Marcus Prado, será lançado em 30 de junho deste ano”, diz o escritor. Num dos trechos da Louvação a Olinda, Antônio Campos descreve a cidade como “o reduto de tudo o que ficou marcado num tempo pernambucano que deve ser preservado.” 

Igual ao advogado-escritor, o estudante de engenharia Tiago Rodrigues recorreu a uma mensagem poética para reverenciar os 480 anos de Olinda e enviou o texto pelo aplicativo. “És patrimônio valente colorida/Das catedrais as vilas mais que ricas/Entre voos e sonhos de verões/Grita ecoando vassourinhas/Eco em elefantes corações”, diz Tiago Rodrigues, numa das estrofes do poema Imortalidade.

“Nasci em Porto Velho (Rondônia), mas minha família é de Pernambuco e moro no Recife desde os três anos de idade. Vivo o Recife mais intensamente. Porém, aprendi a amar Olinda pelo seu ar de mistério, pela religiosidade, pelo Carnaval, pelos pontos turísticos”, enumera.

Tiago gosta da proximidade entre as cidades e elogia, em Olinda, a harmonia dos quintais arborizados com o mar e com o casario antigo, e a união do presente com o passado. “Gosto de contemplar Olinda e de passear pelo Bairro do Recife. Elas são tão diferentes e ao mesmo tempo tão iguais. As duas se completam”, resume.


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