Até o próximo mês, o município de Cabo de Santo Agostinho, no Grande Recife, implantará um sistema experimental de bilhetagem eletrônica nos ônibus que circulam pelo município (tanto os regulares quanto complementares) semelhante ao Vem, chamado de Bem Fácil. A medida faz parte do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado com o Ministério Público de Pernambuco (MPPE), no ano passado. Esta é apenas uma fase do acordo, que compreende também novo processo licitatório para exploração do sistema de transporte público da cidade. As informações obtidas com a bilhetagem ajudarão a elaborar os termos do edital de licitação, a ser publicado até novembro deste ano, e ajustar o sistema às necessidades dos 198 mil moradores da cidade.
A bilhetagem permitirá, por exemplo, ter um controle sobre o número de passageiros, valores dos bilhetes pagos e percursos realizados de forma a dar transparência aos custos e receitas obtidos pelos concessionários e a garantir uniformidade à cobrança de tarifas. Atualmente, o valor varia bastante, entre R$ 1,80 (complementares e regulares) e R$ 4,60.
“Estamos no processo de contratação temporária de uma empresa que vai operar o sistema até concluirmos o processo de licitação. Até julho próximo, os aspectos operativos da bilhetagem já estarão disponíveis. Todos os setores da prefeitura estão dando suporte. Em relação ao edital de licitação que deve ser publicado até o dia 15 de novembro, o processo está muito adiantado, dentro do prazo e cumpre todas as orientações do Ministério Público para que possamos ter um transporte público de qualidade”, garante o secretário de Defesa Social do município, José Carlos Leandro.
Segundo a promotora de Justiça do Cabo, Alice Morais, o processo é necessário porque a falta de controle implica na ausência de manutenção e fiscalização. “É uma situação muito precária a do Cabo. Fizemos o aditivo no TAC para acelerar a implantação do novo sistema de cobrança de tarifa e regularizar o transporte público. Com a bilhetagem, o MPPE e a gestão vão ter acesso a informações básicas em tempo real e fazer um edital de licitação mais coerente. Agora, não há critérios objetivos para concessão da permissão do transporte. As linhas rurais, por exemplo, são deficientes, porque as empresas investem menos, por não serem lucrativas”.
A população sofre com estes problemas. “Todos os dias pego dois ônibus para ir e voltar do Shopping Costa Dourada, onde trabalho. Não tem bilhete eletrônico e a tarifa custa R$ 4,60. É complicado, porque o gasto é grande no fim do mês”, lamenta a vendedora Nathalya Hermes, 21 anos. Já a dona de casa Nanci Ferreira, 46 anos, mora em Cidade Garapu e sofre com os ônibus sucateados. “Todo dia preciso ir ao Centro do Cabo. É difícil porque passo muito tempo na parada e geralmente espero 40 minutos por um ônibus. Além disso, os veículos são velhos e é comum quebrarem no meio do caminho. O pessoal que mora nos engenhos também sofre com os mesmos problemas”, denuncia.