A Comunida do Bode, no bairro do Pina, na Zona Sul do Recife, se transformou em tela e foi pintada por mais de 80 grafiteiros. Para saber mais sobre o projeto Pão e Tinta, o Jornal do Commercio conversou com um dos organizadores do evento Stilo Santos.
Jornal do Commercio - Qual o principal objetivo do projeto Pão e Tinta?
Stilo Santos - Os moradores da comunidade não estão incluídos na percentagem de frequentadores de galerias de arte, então foi aquela história de que se Maomé não vai até a montanha, a montanha vai até Maomé. Nós resolvemos fazer o evento para levar arte à comunidade, além de apresentar a comunidade a outras pessoas, mostrar que aqui também é um celeiro de artistas, que existem talentos morando aqui
JC - O projeto Pão e Tinta já existe há quatro anos, pode-se dizer que mudanças já podem ser vistas?
SS - Hoje vemos uma interação bem maior, quando começamos as pessoas não confiavam tanto. Agora, mais pessoas pedem pelo grafite. Também tem o acompanhamento das crianças, nós fazemos oficinas e vemos que muitos alunos estão no caminho certo, mesmo que não na área do grafite, mas estão estudam, buscando um futuro.
JC - O grafite tem um papel social? É possível dizer que o grafite pode tirar crianças do mundo das drogas?
SS - Com certeza, o grafite pode sim tirar as crianças das drogas e não só das drogas, mas representa uma oportunidade para todos que estão em vulnerabilidade social. E não ter direito à arte, cultura também é vulnerabilidade social. O grafite mostra que existem outros caminhos, outros mundos, ele tenta seduzir as crianças para algo bom.
JC - É certo dizer que a pichação é uma afirmação individual e o grafite uma afirmação do coletivo?
SS - É verdade. A pichação é um grito de protesto individual. Aqui nós trabalhamos juntos, o grafite é coletividade, é trabalhar junto na mesma parede. É uma grande festa, especialmente em mutirões como o que aconteceu, nós grafitamos para a comunidade, para alegrar, levar cultura, embeleza.