Travestis e homens e mulheres trans são o público alvo do Seminário Regional Nordeste de Profissionais do Sexo, que acontece de 12 a 15 de novembro no Hotel Recife Plaza (Rua da Aurora, 255). O evento, que antecede um encontro nacional, tem a participação de cerca de 100 pessoas, entre ativistas, especialistas em saúde, organizações governamentais e não governamentais.
O evento é realizado pela ONG Grupo de Trabalhos em Prevenção Posithivo (GTP+), há 9 anos trabalhando com os profissionais do sexo. O tráfico de pessoas, uma realidade entre esse público, também será motivo de debates. O evento começa às 16h, com o chamado Bate-boca de abertura.
Viviane Venâncio, que vem de Fortaleza para fazer parte do encontro, começou a atender clientes em busca de sexo aos 18 anos. Hoje tem 40 e também integra o Grupo de Resistência Asa Branca (GRAB), que orienta, entre outras atividades, sobre a importância da prevenção de Doenças Sexualmente Transmissíveis, AIDS e HIV (entre publico GLBTT). Segundo ela, há uma grande resistência, entre clientes e pessoas abordadas - principalmente jovens - em relação ao uso de camisinha. "Com alguns, tenho que até mostrar algumas cartilhas que tenho sobre as DSTs", diz. Com a GRAB, Viviane realiza oficinas de sexo seguro e distribuições de preservativos em avenidas, cinemas, boates. Viviane acredita que a exposição à violência é ainda um grande problema entre a população, mas, ao mesmo tempo, crê que a difusão de informações vem modificando o cenário. "Hoje somo menos leigas e isso nos protege mais."
Vinda de Alagoas, a administradora de empresas Jade Soares, da Secretaria Municipal de Igualdade Racial (município de Luzia do Norte) e Secretária Geral da Rede Nacional de Pessoas Transsexuais, acredita que o encontro é importante justamente para fortalecer as questões pertinentes a mulheres trans (transexuais e travestis). "Percebo que o preconceito diminuiu, as pessoas estão abertas a discussões. Mas somos uma sociedade muito conservadora, ainda há muitas dificuldades", comenta ela, também mulher trans.
Segundo o coordenador do Seminário e membro da equipe do GTP+, André Valeriano, a abertura vai contar com representantes governamentais para discutir sobre as políticas públicas. Além disso, profissionais do sexo aproveitam a ocasião para denunciar violações de direitos humanos. No segundo dia acontece uma caminhada até o Ministério Público de Pernambuco, com saída às 17h. “O seminário regional visa à promoção e propagação de informações reais sobre os profissionais do sexo, com o propósito de fortalecer esta rede”, disse Wladimir Reis, coordenador geral do GTP+.
O seminário é aberto a professores, membros de ONGs e estudantes universitários que atuam na área de direitos humanos. As inscrições podem ser feitas através do telefone do GTP+ ( 3231.0905). A organização pede a doação de 5 kg de alimento não perecível no ato da inscrição.
