Recife

Rede de tratamento para dependentes terá 312 vagas

Além de contratar vagas em comunidades terapêuticas, município criará dois núcleos de atendimento

Margarette Andrea
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Margarette Andrea
Publicado em 27/11/2015 às 7:03
Ricardo B. Labastier/JC Imagem
Além de contratar vagas em comunidades terapêuticas, município criará dois núcleos de atendimento - FOTO: Ricardo B. Labastier/JC Imagem
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Nove meses depois de criada, a Secretaria de Enfrentamento ao Crack e Outras Drogas do Recife (Secod) começa a estruturar uma rede de acolhimento com 312 vagas para tratar, via internamento, adultos, adolescentes e crianças. Nesta quinta, foi lançado edital para contratar 150 vagas em comunidades terapêuticas, processo que deve ser encerrado em janeiro. No próximo mês, será lançado o programa Atitude Municipal, com 162 vagas para internamento e previsão de 2,5 mil atendimentos ao mês. O município garante que o programa não terá o mesmo rumo do estadual, que fechou duas unidades por falta de recursos, recentemente.

“A política de enfrentamento não se resume ao tratamento, temos trabalhado na prevenção de domingo a domingo, com parceiros, para evitar que o problema se agrave. Mas a demanda é grande, segundo pesquisa da Fiocruz de 2013, 80% dos entrevistados revelaram interesse em se tratar”, declarou a titular da pasta, Aline Mariano, durante lançamento do edital, na sede da prefeitura. 

As comunidades terapêuticas interessadas têm 30 dias para se habilitar. Além de estarem regularizadas juridicamente, elas precisam ter unidades no Grande Recife e manter profissionais de psicologia e serviço social. O valor previsto é de R$ 40 ao dia por cada pessoa atendida, a ser quitado mensalmente, pois não há um prazo específico para conclusão do tratamento. “O trabalho das comunidades terapêuticas só foi reconhecido a partir do Marco Regulatório do Conselho Nacional de Políticas Sobre Drogas (Conad), deste ano. Agora, será separado o joio do trigo, só vão ficar as entidades que sejam qualificadas”, salientou Aline.

Conforme a Federação Pernambucana das Comunidades Terapêuticas, há 40 entidades do tipo registradas no Estado, 20 no município, a maioria sobrevivendo de doações não-governamentais. Muitos representantes foram ao evento e disseram que vão participar. “O grande gargalo hoje é o sustento, são quatro refeições por dia, psicólogos, assistentes sociais, monitores”, observou Genivaldo Júnior, da CT Betesda, de Gravatá. 

“No Ceará já há várias comunidades conveniadas a Senad que prestam uma boa assistência aos dependente e aos familiares, senão é trabalho jogado fora”, observou Marta Lucena, da Terra Terapêutica, ligada à Fundação Terra, de Pesqueira. “A droga é uma doença pelo contrário. Nas outras, a família chega perto. Mas ela desagrega”.

As vagas serão reguladas pelo Atitude, que terá dois núcleos com seis modalidades de atendimento, incluindo dois centros para internamento e um para acolhimento provisório. “Três equipes vão atuar abordando os dependentes nas ruas e fazendo os encaminhamentos necessários e também haverá dez beneficiários do aluguel social, são casas alugadas pelo município por até seis meses, ao custo de até R$ 600, para pessoas ameaçadas, por exemplo”, explica o gerente-geral de apoio e tratamento da Secod, Antônio de Pádua. 

“Já temos garantidos R$ 15 milhões para o programa, não vai ocorrer o que aconteceu no Estado”, garantiu Aline. “Também vamos lançar o Recife Previne, com uma unidade móvel em cada RPA para levar informação de forma interativa às comunidades”.

O prefeito Geraldo Julio destacou que poderia ter se esquivado do problema, mas resolveu enfrentá-lo. “Nesta batalha o Brasil está perdendo feio”, disse. “Mas vamos salvar muitas vidas”.

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