As dificuldades enfrentadas pelos ciclistas recifenses atravessaram fronteiras e viraram tema de um concurso de ideias de uma entidade sem fins lucrativos do Paraná. Considerando que bicicletários são fundamentais para estímulo do uso da bike como meio de transporte, a Projetar.org lançou um desafio para estudantes de arquitetura de todo o País: projetar um bicicletário próximo à Estação Central do Metrô, de forma a interligar os modais. Ao todo, 106 trabalhos foram enviados.
A proposta vencedora foi de uma equipe de quatro estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRPE), que idealizaram uma ampla estrutura modular na Praça Visconde de Mauá. O detalhe é que os módulos poderiam ser replicados e transformados em pequenos bicicletários pela cidade. Arranjos diferentes possibilitariam, ainda, transformar o mesmo módulo em parklet, parada de ônibus e até estacionamento para carros.
O segundo lugar ficou com uma equipe de três alunos da Universidade Federal da Bahia (UFBA), que projetaram, na mesma praça, um bicicletário expansível, com local, inclusive, para banho. Outras ideias, algumas requintadas, também se destacaram. Mas nenhuma sairá do papel.
“Não temos o menor interesse que isso aconteça. Nosso objetivo é que os estudantes questionem a situação nacional, que abordem temas de interesse social e possam utilizar essa experiência quando se tornarem arquitetos”, explica um dos fundadores do Projetar, o arquiteto e urbanista Caio Dias, 31 anos. “Pela legislação, isso também não seria possível, só profissionais poderiam executar os projetos”. Os três primeiros colocados são premiados com R$ 2,3 mil, R$ 1,7 mil e R$ 1 mil, mais publicações das propostas e certificado. Os valores são bancados pelas inscrições, que custam R$ 120. Esse foi o 15 º concurso da Projetar.
Para o coordenador-geral da Associação Metropolitana de Ciclistas (Ameciclo), Cézar Martins, o Recife está longe de chegar a um projeto do tipo, que precisa avançar, em paralelo, com as ciclovias. “E, no entanto, a prefeitura estava recolhendo, sistematicamente, bicicletas presas a postes e árvores em Boa Viagem”, critica. “A Secretaria de Turismo prometeu parar com essa ação e implantar 40 bicicletários, sendo 20 na Avenida Boa Viagem e 20 em pontos que vamos definir em conjunto. Mas é muito pouco, não resolve o problema. A estrutura para os ciclistas não pode ser vista de forma isolada”.