Patrimônio Ferroviário

Estradas de ferro: livro resgata a história da Great Western do Brasil

A empresa britânica Great Western of Brazil abriu estradas de ferro em Pernambuco e outros três Estados nordestinos

Cleide Alves
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Cleide Alves
Publicado em 07/07/2016 às 8:08
Foto: Edmar Melo/Acervo JC imagem
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De 1873 até 1950 a empresa britânica Great Western of Brazil Railway Company Limited abriu e administrou estradas de ferro em quatro Estados do Nordeste. Ao ser nacionalizada, após quase cem anos de atividades, tinha o domínio de mais de 1.700 quilômetros de ferrovias em Pernambuco, na Paraíba, no Rio Grande do Norte e em Alagoas. E deixou mais rastros do que os trilhos do trem em sua trajetória.

A Great Western, afirma o pesquisador inglês William Edmundson, não apenas criou vias férreas para o transporte de passageiros e de carga. “Foi a primeira empresa no Brasil a proibir, por contrato, o trabalho escravo na construção e na operação da ferrovia”, diz ele. E, em 1923, inaugurou a assistência social no Brasil com uma caixa de aposentadoria e pensões para os trabalhadores.

Foto: Edmar Melo/Acervo JC imagem
Antiga estação do trem, em Nazaré da Mata (PE), abandonada, com telhado quebrado e paredes rachadas - Foto: Edmar Melo/Acervo JC imagem
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Equipamentos abandonados no antigo pátio de manobras dos trens na estação de Nazaré da Mata (PE) - Foto: Edmar Melo/Acervo JC imagem
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Equipamentos abandonados no antigo pátio de manobras dos trens na estação de Nazaré da Mata (PE) - Foto: Edmar Melo/Acervo JC imagem
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Ponte ferroviária sobre o Rio Tracunhaém, na cidade pernambucana de Nazaré da Mata - Foto: Edmar Melo/Acervo JC imagem
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A antiga estação de trens, no Centro da cidade de Carpina, é usada como moradia e como lan house - Foto: Edmar Melo/Acervo JC imagem
Foto: Hélia Scheppa/Acervo JC imagem
Trilhos e dormentes da Linha Centro, em Arcoverde, município do Sertão dePernambuco - Foto: Hélia Scheppa/Acervo JC imagem
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O armazém do pátio ferroviário de Arcoverde (PE) é usado como oficina de artesanato da região - Foto: Hélia Scheppa/Acervo JC imagem
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Em Sertânia (PE), o pátio ferroviário tinha estação, armazém e oficina de manutenção de locomotiva - Foto: Hélia Scheppa/Acervo JC imagem
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A antiga estação de trem de Paudalho, na Mata Norte, foi transformada em Arquivo Público Municipal - Foto: Hélia Scheppa/Acervo JC imagem
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A antiga estação de trem de Paudalho, na Mata Norte, foi transformada em Arquivo Público Municipal - Foto: Hélia Scheppa/Acervo JC imagem
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Trilhos em São Severino dos Ramos, no município de Paudalho, Mata Norte do Estado - Foto: Hélia Scheppa/Acervo JC imagem
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Trilhos destruídos em São Severino dos Ramos, no município de Paudalho, Mata Norte do Estado - Foto: Hélia Scheppa/Acervo JC imagem
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Trilhos em São Severino dos Ramos, no município de Paudalho, Mata Norte do Estado - Foto: Hélia Scheppa/Acervo JC imagem
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Trilhos em São Severino dos Ramos, no município de Paudalho, Mata Norte do Estado - Foto: Hélia Scheppa/Acervo JC imagem
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Trilhos em São Severino dos Ramos, no município de Paudalho, Mata Norte do Estado - Foto: Hélia Scheppa/Acervo JC imagem
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Trilhos em São Severino dos Ramos, no município de Paudalho, Mata Norte do Estado - Foto: Hélia Scheppa/Acervo JC imagem
Foto: Michele Souza/Acervo JC Imagem
Em Bezerros, no Agreste do Estado, a velha estação de trem funciona como centro cultural - Foto: Michele Souza/Acervo JC Imagem
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Em Bezerros, no Agreste do Estado, a velha estação de trem funciona como centro cultural - Foto: Michele Souza/Acervo JC Imagem
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Ponte ferroviária sobre o Rio Tejipió, em Areias, bairro da Zona Oeste do Recife - Foto: Michele Souza/Acervo JC Imagem
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Construída em 1894, a Estação de Gravatá (PE) funciona como ponto turístico desde 2002 - Foto: Michele Souza/Acervo JC Imagem
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Pontilhão do trem na área urbana de Gravatá, município do Agreste pernambucano - Foto: Michele Souza/Acervo JC Imagem
Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
A herança ferroviária em Pernambuco. Moradores ainda sonham com a volta do trem de passageiros - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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A herança ferroviária em Pernambuco. Moradores ainda sonham com a volta do trem de passageiros - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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A herança ferroviária em Pernambuco. Moradores ainda sonham com a volta do trem de passageiros - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
Túneis ferroviários da Serra das Russas, em Gravatá, no Agreste de Pernamuco - Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
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Gravatá, no Agreste do Estado, ainda preserva 14 túneis ferroviários na Serra das Russas - Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
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Túneis ferroviários da Serra das Russas, em Gravatá, no Agreste de Pernamuco - Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
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Gravatá, no Agreste do Estado, ainda preserva 14 túneis ferroviários na Serra das Russas - Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
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Viaduto ferroviário da Serra das Russas, em Gravatá, no Agreste pernambucano - Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
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Gravatá, no Agreste do Estado, ainda preserva 14 túneis ferroviários na Serra das Russas - Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
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Trilhos e dormentes tomados pela mato na Serra das Russas, em Gravatá, no Agreste de Pernambuco - Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
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Na Serra da Russas, em Gravatá, restam seis viadutos por onde passavam os trens - Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem

 

“Além de dar sua contribuição para acabar com a escravidão, a empresa ajudou a valorizar o trabalho quando colocou engenheiros britânicos para arregaçar as mangas e pegar no pesado expandindo as ferrovias”, avalia o pesquisador. Por falta de mão de obra especializada no mercado local, a Great Western contratou belgas para quebrar pedras e implantar trilhos e dormentes.

William Edmundson resgatou essas e outras memórias para compor a publicação A Gretoeste: A história da rede ferroviária Great Western of Brazil, lançada no Museu do Trem do Recife. “É uma história que marcou uma época”, comenta o pesquisador, que chegou em terras brasileiras em 1990 e hoje mora em João Pessoa (PB).

Bem humorado, ele cita as viagens de Maria Fumaça do Recife a Maceió, movidas a lenha e carvão, com passageiros de primeira classe vestidos com avental branco para proteger as roupas contra a sujeira da chaminé. “Até meus 22 anos meu transporte na Grã Bretanha era a Maria Fumaça, mas a gente não usava avental”, diz.

O título da publicação já é uma curiosidade. “Gretoeste era como o povo chamava a companhia, pela dificuldade de pronunciar as palavras em inglês.” A empresa, esclarece, não era subsidiária da famosa Great Western da Grã Bretanha. “Numa época em que não havia direitos autorais, simplesmente copiaram o nome”, diz.

Pegar o nome emprestado, de acordo com o pesquisador, era uma jogada de marketing. “Por ser uma marca já conhecida, seria mais fácil atrair investimentos em Londres”, destaca. A Great Western of Brazil, uma das redes ferroviárias mais famosas no País, foi criada por capitalistas ingleses, em 1872, para abrir e explorar vias férreas na Região Nordeste.

A companhia, depois de instalada, incorporou a já existente Estrada de Ferro Recife-São Francisco, inaugurada em 1858. “A Recife and São Francisco Railway foi a segunda ferrovia implantada no Brasil e a primeira em importância econômica, pois passava pela região açucareira”, observa William Edmundson. O primeiro trecho partia da Estação Cinco Pontas, no Recife, até a Vila do Cabo. A ideia inicial era ligar a capital à Cachoeira de Paulo Afonso.

Durante a entrevista, concedida no Museu do Trem (Estação Central), no bairro de São José, Centro do Recife, ele aponta uma locomotiva feita na Alemanha para a Great Western, um guindaste a vapor da Inglaterra e uma locomotiva escocesa originalmente movida a lenha e exclama: “Quase tudo aqui está ligado ao meu país.”

Editado pela Ideia, o livro A Gretoeste: A história da rede ferroviária Great Western of Brazil custa R$ 50, incluindo o frete de João Pessoa para qualquer endereço no Brasil. A publicação pode ser adquirida na editora paraibana (www.ideiaeditora.com.br).“Conhecer a história é muito importante, se os mais velhos morrem sem contar, os jovens não terão como saber”, declara, aos 70 anos, William Edmundson.

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