Prêmio

Biodetergente produzido por estudantes da Unicap é premiado

O biodetergente, testado em laboratório pelos jovens, é capaz limpar manchas de óleo jogada no mar

Da Editoria Cidades
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Publicado em 23/10/2016 às 9:50
Foto: Julio Soares/Odebrecht
O biodetergente, testado em laboratório pelos jovens, é capaz limpar manchas de óleo jogada no mar - FOTO: Foto: Julio Soares/Odebrecht
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Dois estudantes de engenharia química da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) produziram em laboratório um biodetergente capaz de eliminar, com rapidez e eficácia, manchas de petróleo e derivados derramados no mar. O trabalho é um dos vencedores da 8ª edição do Prêmio Odebrecht para o Desenvolvimento Sustentável 2015, entregue em cerimônia no Rio de Janeiro.

Atóxico, biodegradável e derivado de fontes naturais, o biodetergente foi criado a partir de uma levedura (fungo), a Candida bombicola, informam os estudantes Bruno Galdino de Freitas e Juliana Gabriela Moura Brito. De acordo com eles, o produto pode ser aplicado de duas formas: jogado diretamente sobre a mancha ou colocado em volta dela para formar uma barreira e impedir a dispersão do óleo.

Na primeira opção, ao fazer a mistura entre biodetergente e óleo, com aparato mecânico, a mancha é quebrada em gotículas cuja degradação é feita por micro-organismos existentes no mar. “Ao criar a barreira, a mancha vai diminuindo de tamanho e é retirada do mar com mais facilidade”, explica a engenheira química da Unicap Leonie Sarubbo, orientadora dos estudantes.

O fungo escolhido para a pesquisa foi cultivado em laboratório e alimentado com resíduos industriais. Ele come e libera o biodetergente. “Depois, nós separamos o micro-organismo e fica só o produto”, diz Leonie. “Usamos milhocina (substância extraída do milho) como fonte de nitrogênio, além do melaço da cana e óleo vegetal como fontes de carbono. Aproveitamos resíduos que seriam descartados no lixo”, declara Bruno.

Atualmente, de acordo com os estudantes, a limpeza desses tipos de poluentes largados no mar, é feita com produtos sintéticos e derivados de petróleo. Juliana e Bruno levaram um ano para desenvolver a pesquisa e fizeram a simulação em laboratório com óleo de motor e água do mar. O produto mantém as propriedades por 120 dias, em temperatura ambiente.

“Testamos o biodetergente nesse período, observando condições de temperatura, salinidade e ph (indicador de acidez, neutralidade ou alcalinidade). Os testes com animais e vegetais comprovaram que ele é atóxico”, afirma Bruno Galdino. O custo estimado do produto é de um a dois dólares por litro. “O detergente de origem sintética custa 13 dólares por litro”, compara o estudante.

PREMIAÇÃO

Bruno, Juliana e Leonie receberam o prêmio, no valor de R$ 60 mil, segunda-feira (17), em solenidade no Museu do Amanhã, no Rio do Janeiro. São R$ 20 mil para os alunos, R$ 20 mil para o orientador e R$ 20 mil para a Unicap. Mais dois trabalhos de estudantes de engenharia química da Católica, orientados pela mesma professora, receberam menção honrosa na premiação.

“A Unicap também recebeu a menção por ter sido a universidade que mais apresentou trabalhos nesta edição do prêmio”, ressalta Sérgio Leão, responsável pelo setor de Sustentabilidade da Odebrecht. Foram inscritos 250 trabalhos (90 a mais em relação ao ano anterior) de 128 universidades públicas e particulares. “Escolhemos cinco para premiar”, diz ele.

O prêmio é destinado a estudantes de engenharia (todas a modalidades), agronomia e arquitetura. Eles devem propor pesquisas na linha de sustentabilidade, que são avaliadas por duas comissões, uma da Odebrecht e outra externa. “A cada ano os trabalhos estão ficando mais elaborados”, avalia Sérgio Leão, acrescentando que a empresa não patrocina a fabricação dos produtos.

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