VIOLÊNCIA

Ousadia sem limites de criminosos contra agências bancárias

Dessa vez foi o Centro de Convenções que teve os caixas explodidos

JC Online
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Publicado em 24/11/2016 às 8:00
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Dessa vez foi o Centro de Convenções que teve os caixas explodidos - FOTO: Bobby Fabisak/JC Imagem
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A pergunta ecoa entre a população do Estado: até onde vai a ousadia dos criminosos? Na madrugada de ontem, cerca de 15 bandidos armados renderam vigilantes e explodiram dois caixas eletrônicos em pleno Centro de Convenções (Cecon), no município de Olinda, Grande Recife. O simbolismo da ação é evidente: o Cecon já foi sede do governo do Estado, entre setembro de 2012 e fevereiro de 2013, quando o Palácio do Campo das Princesas passou por reformas. E, atualmente, ainda abriga órgãos governamentais como a Secretaria de Turismo e Empetur, além de ficar ao lado de uma grande empresa de segurança privada.

Para piorar, a investida aconteceu apenas três horas depois do início de uma megaoperação das polícias, com o objetivo de dar uma maior sensação de segurança à população. A ação tinha sido anunciada na última sexta-feira pelo secretário de Defesa Social, Ângelo Gioia, em entrevista ao programa de Ednaldo Santos, na Rádio Jornal. Previa 24 horas seguidas – entre as 0h da terça-feira (23) e de hoje – de blitzes em diversos pontos do Grande Recife, principalmente em áreas com maior incidência de homicídios e assaltos.

Os criminosos que explodiram os caixas eletrônicos do Centro de Convenções se aproveitaram da extrema vulnerabilidade do local. Uma área com cerca de 19 hectares (equivalente a 19 campos de futebol) contava com apenas 12 seguranças na noite do crime, oito deles distribuídos em cada um dos postos de vigilância existentes no imóvel. Apenas quatro dos vigilantes estavam realizando rondas.

O grupo não encontrou dificuldade para pular a grade do Centro de Convenções, na Avenida Agamenon Magalhães, e subir até o lobby. O acesso ao local foi pelo vão de uma das portas de vidro, quebrada há cinco meses, segundo funcionários do Cecon. Os bandidos usavam coletes à prova de balas, roupas pretas, balaclavas (toucas ninja) e armamento intimidante. “Os fuzis tinham mira laser. Parecia filme, os vigilantes ficaram com aquelas luzes vermelhas no corpo”, explica Romualdo Luckwu, chefe da segurança do Cecon. Dois vigilantes foram rendidos, e os outros fugiram ao ver a superioridade numérica e bélica dos bandidos.

Ao todo, foram três explosões, que destruíram o caixa do Banco do Brasil e danificaram o do Bradesco. A ação durou cerca de dez minutos. Não se sabe a quantia que foi levada. No chão do lobby, ficaram várias notas de R$ 10 e os estilhaços da detonação. Uma barra de ferro atingiu uma parede que fica a 30 metros do local da explosão. Câmeras de segurança para identificar os criminosos? Apenas uma, e apontando para um local onde eles sequer passaram, atrás dos caixas. Funcionários do Cecon alegaram ter achado estranha a movimentação, na semana passada, de homens que estavam fotografando o local. Segundo o delegado Vinícius Notari, da Delegacia de Roubos e Furtos, eles chegaram a ser abordados por seguranças, mas disseram estar apenas tirando selfies.

OUSADIA

“A ousadia dos bandidos não irrita só a população, mas também a polícia. Posso garantir que essa situação não vai continuar e que vamos prender essas quadrilhas”, disse o chefe da Polícia Civil, Antônio Barros. Segundo ele, o número de delegados trabalhando especificamente nos casos envolvendo agências bancárias e caixas eletrônicos foi aumentado, no início de novembro, de três para sete. “São investigações que exigem um trabalho forte de inteligência, pois as quadrilhas operam em vários Estados. Mas garanto que, em breve, vamos anunciar prisões de integrantes desses grupos”.Segundo a Secretaria de Defesa Social (SDS), de janeiro a setembro, foram registradas 40 ocorrências desse tipo, o que dá uma média de pelo menos um caso por semana. O número representa um aumento de 17% em relação ao mesmo período do ano passado, quando o poder público contabilizou 34 roubos com uso de explosivos.

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