O Convento de Santo Antônio de Igarassu, monumento do século 16 tombado como patrimônio nacional, precisa de ajuda para refazer parte do muro que protege a edificação e desabou em outubro deste ano (2016). De acordo com o reitor do convento, padre Josivan Bezerra, um pedaço do muro de alvenaria com cinco metros de extensão caiu na rua sem fazer vítimas. Em seguida, outro trecho de dez metros foi ao chão. Por segurança da população, a prefeitura removeu mais 50 metros.
A reconstrução está orçada em R$ 83 mil, porém, o religioso avalia a possibilidade de substituir o muro de tijolos por uma cerca de arame farpado, simples, com um metro de altura. “Seria mais barato e daria mais segurança ao prédio. Como a cerca é vazada, a comunidade estaria vendo qualquer movimentação estranha no nosso quintal. O muro é uma ilusão de proteção, porque se um ladrão consegue pular, ele fica escondido dos olhos das pessoas”, observa o religioso.
Padre Josivan acrescenta que o convento era delimitado por cerca do século 16 ao 19. “Durante a Primeira Guerra Mundial, no início do século 20, foi construído um muro no lugar da cerca para preservar as freiras que viviam no prédio”, informa. A parede caiu na Rua Santo Antônio (continuação da Rua Migodônio Pio), no oitão do edifício. “Há um muro antigo, na frente do convento, que será mantido.”
Ao mostrar a área do acidente, na manhã de quinta-feira (1), o religioso disse que o terreno do convento é inclinado e por isso foi construída uma sapata de pedra para evitar desmoronamento de terra. “É um muro de arrimo para o solo”, explica padre Josivan, que é também pároco da Igreja Matriz de São Cosme e Damião. O muro de alvenaria ficava sobre essa sapata e apresentava fissuras.
No entendimento do padre, a cerca é uma solução menos agressiva e vai aproximar mais a comunidade vizinha da igreja. “Não me importo se as crianças entram no quintal para pegar frutas do pomar, para jogar bola ou para ir à escola. Não há nada demais nisso”, diz.
PATRIMÔNIO
Terceiro convento da Ordem dos Franciscanos no Brasil e primeiro dedicado a Santo Antônio no País, o prédio é uma construção de 1588 e foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1972. A igreja preserva o forro barroco do século 17 e azulejos portugueses na nave, forro rococó na capela-mor e o coro de jacarandá.
“O altar de Santo Antônio de Pádua, padroeiro da igreja, e os altares laterais de São José de Botas e de Nossa Senhora das Dores também são representantes da arquitetura barroca”, destaca o padre. A igreja e o convento passaram por obra de restauração na década de 90 – o trabalho terminou em 1997.
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Numa das dependências do convento funciona o Museu Pinacoteca de Igarassu, com 24 quadros e painéis. “É uma das pinacotecas mais importante da América Latina, foi criada em 1957 e guarda quatro coleções”, diz. Uma delas é composta de imagens de santos feitas de madeira e de pedra (a dupla Cosme e Damião, do século 16), da Igreja Matriz da cidade.
As outras três são coleções de pintura do convento, da Igreja de São Cosme e Damião e da Catedral da Sé de Olinda. “São quadros do século 18 narrando eventos do século 17, como a peste de dizimou parte da população de Pernambuco em 1685”, comenta o pároco. A pinacoteca é vigiada por câmeras de monitoramento.
A meta do reitor é promover melhorias físicas na pinacoteca em 2017, como a colocação de bases para sustentar as imagens de santos e criar um site para divulgar o acervo. O museu fica aberto todos os dias das 8h às 17h, no Centro de Igarassu. Os interessados em colaborar com a cerca precisam se dirigir pessoalmente ao convento, que está sem telefone