Burle Marx

Ocupação irregular chama a atenção dos pedestres na Praça do Derby

A quarta reportagem da série sobre os jardins tombados de Roberto Burle Marx (1909-1994) no Recife mostra a Praça do Derby, na área central da cidade, reformada pelo paisagista em 1937. Iniciada domingo passado (22), com a Praça Faria Neves, a série termina sexta-feira (27)

Cleide Alves
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Cleide Alves
Publicado em 25/01/2017 às 8:08
Foto: Diego Nigro/JC Imagem
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Ocupada por pedintes, com a grama seca, adesivos colados em árvores e lixo acumulado no lago, a Praça do Derby integra a lista dos seis jardins de Burle Marx tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em junho de 2015. No ano seguinte, também foi classificada pela prefeitura como jardim histórico do Recife com outras 14 praças criadas ou reformadas pelo paisagista.

A Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb) afirma que vai melhorar a varrição na praça e reconhece a necessidade de um tratamento diferenciado para recuperar o jardim. “Vamos resolver a situação, quando tivermos recursos”, afirma o presidente da Emlurb, Roberto Gusmão. Como a Praça do Derby não é adotada, cabe ao município fazer a manutenção e conservação dos brinquedos, plantas, lagos e estátuas.

“Estamos em busca de parceiros para nos ajudar a manter as áreas verdes”, declara Roberto Gusmão. Segundo ele, a grama de praças e canteiros públicos será recuperada no início do inverno. “A grama é um problema na cidade toda porque nesse período mais seco do ano, que vai de setembro a janeiro, não conseguimos acumular água, e a chuva tem sido esporádica”, justifica.

O carro-pipa, diz ele, é uma solução cara. “Gastaríamos R$ 60 mil por mês só no canteiro da Avenida Agamenon Magalhães”, pondera. “Essa praça era tão bonita, com os jardins tão floridos e organizados. Agora está tudo seco e se acabando. Eu, ainda criança, vinha da Várzea (bairro da Zona Oeste do Recife) para cá com minha família, era um lugar muito importante”, recorda a dona de casa Jamelci Muniz.

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A Praça do Derby, na área central do Recife, foi reformada pelo paisagista Burle Marx em 1937 - Foto: Diego Nigro/JC Imagem
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Esculturas que decoram o coreto da Praça do Derby, no Recife, estão sujas e precisando de reparos - Foto: Diego Nigro/JC Imagem
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Esculturas que decoram o coreto da Praça do Derby, no Recife, estão sujas e precisando de reparos - Foto: Diego Nigro/JC Imagem
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A Praça do Derby, no Recife, tem uma grande diversidade de palmeiras plantadas por Burle Marx - Foto: Diego Nigro/JC Imagem
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A Praça do Derby é tombada pelo Iphan e classificada pela prefeitura como jardim histórico do Recife - Foto: Diego Nigro/JC Imagem
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UFPE indica replantio de ninfeia, paquevira e pandanus na Ilha dos Amores, como propôs Burle Marx - Foto: Diego Nigro/JC Imagem
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Construída na década de 1920, a Praça do Derby ocupa o terreno de um antigo hipódromo do Recife - Foto: Diego Nigro/JC Imagem
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Os bancos venezianos da Praça do Derby, área central do Recife, necessitam de consertos e pintura - Foto: Diego Nigro/JC Imagem
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Por falta de irrigação, a grama da Praça do Derby, reformada por Roberto Burle Marx, está seca - Foto: Diego Nigro/JC Imagem
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Burle Marx ampliou o lago da Praça do Derby, no Recife, e batizou o local de Ilha dos Amores - Foto: Diego Nigro/JC Imagem
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Burle Marx ampliou o lago da Praça do Derby, no Recife, e batizou o local de Ilha dos Amores - Foto: Diego Nigro/JC Imagem
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Jarros decorados com figuras humanas na Praça do Derby, na cidade do Recife, estão cheios de capim - Foto: Diego Nigro/JC Imagem
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Jarros decorados com figuras humanas na Praça do Derby, na cidade do Recife, estão cheios de capim - Foto: Diego Nigro/JC Imagem
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Pedintes ocupam bancos e as margens da Ilha dos Amores na Praça do Derby, na área central do Recife - Foto: Diego Nigro/JC Imagem
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Por falta de irrigação, a grama da Praça do Derby, reformada por Roberto Burle Marx, está seca - Foto: Diego Nigro/JC Imagem
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O lago da Ilha dos Amores, na Praça do Derby, localizada na área central do Recife, acumula lixo - Foto: Diego Nigro/JC Imagem

 

Sentada num dos bancos de madeira com pintura desbotada, Jamelci observa o acampamento dos pedintes instalado na beira do lago e em cima de um dos bancos, e comenta: “Nem a praça merece isso e nem essas pessoas merecem viver dessa forma.” O vigilante Carlos Alberto Matias destaca a sombra e ventilação como pontos positivos da Praça do Derby. “Falta cuidado, isso é um descaso”, diz Carlos Alberto.

PALMEIRAS

A praça está localizada num terreno onde funcionava um hipódromo no século 19. “Burle Marx respeitou o projeto da década de 1920, do governo de Sérgio Loreto, e fez acréscimos. Ele trouxe palmeiras do Jardim Botânico do Rio de Janeiro e transformou a Praça do Derby um laboratório de diferentes tipos de palmeiras”, afirma a arquiteta Ana Rita Sá Carneiro.

Coordenadora do Laboratório da Paisagem da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Ana Rita orientou a obra de restauração do jardim em 2008, com o resgate do desenho original de Burle Marx. O paisagista ampliou a vegetação e valorizou o lago, que batizou Ilha dos Amores. A Praça do Derby, lembra Ana Rita, é separada em dois jardins por um corredor de ônibus. “Isso cortou a relação de unidade do lugar”, lamenta.

Interessados em adotar áreas verdes do Recife podem entrar em contato com a Emlurb pelo telefone (81) 3355-5540.

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