Comemorações e questionamentos sobre violência, desigualdade e direito à liberdade foram algumas das questões levantadas neste 8 de março, no Recife. Tanto num evento realizado no Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros (Cisam) da Universidade de Pernambuco (UPE), quanto numa exposição de fotos montada no Shopping Plaza, mais do que celebração, foram discutidos principalmente o papel da mulher na sociedade.
Funcionários, professores, alunos e pacientes da Cisam, no Bairro da Encruzilhada, Zona Norte do Recife, se reuniram dentro do ambulatório da mulher para iniciar uma série de falas, gritos de guerra e discussões sobre diversos assuntos que dizem respeito ao que é ser mulher hoje. Enquanto Benita Spinelli, coordenadora de Enfermagem do Cisam, iniciava a fala, abordando principalmente a violência a que milhares de mulheres são submetidas todos os dias, em casa ou na rua, vários alunos se postaram ao redor da recepção do ambulatório, onde muitos pacientes esperavam atendimento, empunhando cartazes com dizeres como “Violência contra a mulher não tem graça” e “Não importa a roupa que uso. É estupro”. “A gente tem direito de sair com as amigas, de ir à praia?”, pergunta às pessoas presentes. “Quem de vocês já se sentiu, em algum momento, marginalizada ou descriminada?”, questiona e várias mãos se levantam em confirmação. "Hoje não é dia de ganhar bombom e chocolate. Hoje é dia de respeito!", disse uma das mulheres presentes. Depois, boa parte dos que acompanhavam o evento na recepção do ambulatório, seguiram para o prédio da maternidade, do outro lado da rua, onde foi realizada uma ciranda em celebração ao dia. Durante toda a atividade, também foram distribuídos preservativos femininos e masculinos.
Já no Plaza Shopping, bairro de Casa Forte, também na Zona Norte da cidade, a exposição "Nunca me calarei" foi montada com fotos de mulheres que, em algum momento da vida, sofreram violências como assédio e abuso sexual. Organizada no piso L3, as 16 imagens do fotógrafo carioca Márcio Freitas focam nos rostos, manchados de batom, e nos olhos de mulheres que demonstram tristeza, raiva e coragem. “Acho que sinto revolta ao ver essas fotos. Muitas dessas mulheres não têm nem o direito de falar, não têm oportunidade de expor o que aconteceu. Todo ano são só flores no Dia da Mulher, mas não adianta dar flores e depois bater”, considerou Milena Bianca da Silva, estudante de enfermagem, que parou a caminhada pelo shopping para observar as imagens.
A exposição fica no Plaza até o dia 26 deste mês, de segunda a sábado de 10h às 22h e domingo de 12h às 20h.