Baobá

Pés de baobá floridos no Recife: uma opção de passeio na cidade

Há árvores de baobá floridas em Dois Irmãos, Fundão e no Centro da capital pernambucana

Da Editoria Cidades
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Publicado em 02/05/2017 às 20:20
Foto: Guga Matos/JC Imagem
Há árvores de baobá floridas em Dois Irmãos, Fundão e no Centro da capital pernambucana - FOTO: Foto: Guga Matos/JC Imagem
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Quer fazer um passeio diferente pelos bairros do Recife? Pois aproveite a floração dos pés de baobá e siga a rota dos gigantes africanos espalhados na cidade. Há baobás floridos na Praça Faria Neves, em Dois Irmãos, bairro da Zona Norte do Recife; na Rua Coronel Urbano de Sena, no Fundão, na mesma região; e no jardim da Faculdade de Direito do Recife, na Boa Vista, no Centro da cidade.

Mas não demore muito para fazer o passeio. A flor do baobá não tem vida longa como a árvore. Depois de desabrochar, em um ou dois dias ela murcha e cai. O bom é que a planta pode florir todo ano, repetindo o espetáculo. E não a cada 50 anos como dizia o boato que tomou conta das redes sociais no mês passado e levou muita gente à procura de uma das árvores em Dois Irmãos.

“É lenda dizer que a planta floresce a cada 50 anos”, afirma o agrônomo José Pereira Leite, especialista em baobá (Adansonia digitata) em Pernambuco e professor aposentado da Universidade Federal Rural (UFRPE). De 1988 a 1990, ele plantou 80 pés de baobá em vários municípios do Estado, com sementes que trouxe da Guiné-Bissau, país da costa ocidental da África.

O baobá pode viver até cinco mil anos, diz José Pereira, e começa a florir aos 18 ou 19 anos. “É uma planta típica de zonas áridas e mesmo assim consegue produzir flores no Recife, uma cidade mais úmida”, comenta. “O fruto, porém, só surge se tiver o inseto, geralmente a vespa, ou o morcego para fazer a fecundação”, esclarece. A polpa babosa pode ser consumida in natura ou usada para o preparo de suco.

De acordo com o agrônomo, todas as árvores de baobá plantadas no Brasil são de origem africana, botam flores brancas com partes róseas e podem chegar a seis metros de altura. “O tronco se destaca mais por ser volumoso, podendo alcançar cinco metros de diâmetro”, declara. José Pereira contesta a versão de que africanos trouxeram as primeiras sementes de baobá para o Brasil, no período da escravidão.

“As sementes foram trazidas por mercadores e capitães de navios. Dizer que os escravos trouxeram é mais uma lenda. Assim como também é lenda dizer que um pé de baobá do Recife inspirou Antoine de Saint-Exupéry (1900-1944) a escrever O Pequeno Príncipe”, declara o agrônomo. “Ele era piloto dos Correios, fazia a rota Paris-Senegal e a fonte de inspiração foi um baobá do Senegal.”

LEVANTAMENTO

Em 2011, o jornalista Marcus Prado percorreu seis mil quilômetros, da Ilha de Itamaracá (Grande Recife) até o Sertão do Araripe, e fotografou 130 árvores de baobá em Pernambuco. Na época, ao chegar em Exu, descobriu que o único pé plantado na cidade tinha sido derrubado e usado como fogueira de São João naquele ano.

“Depois da África, Pernambuco é o lugar com maior quantidade de baobá no mundo”, afirma Marcus Prado. Infelizmente, a maioria está ameaçada”, lamenta o jornalista.

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