MOBILIDADE

Sem cuidados, ciclofaixas viram ponto de risco no Recife

Vias estão sem sinalização e mal fiscalizadas, frequentemente servindo como estacionamento para veículos

AMANDA RAINHERI
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AMANDA RAINHERI
Publicado em 16/06/2017 às 8:10
Foto: Sérgio Bernardo/ JC Imagem
Vias estão sem sinalização e mal fiscalizadas, frequentemente servindo como estacionamento para veículos - FOTO: Foto: Sérgio Bernardo/ JC Imagem
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Elas nasceram como alternativas aos problemas de mobilidade enfrentados diariamente pelos recifenses, mas, em poucos anos, acabaram vítimas do descaso e do abandono. Apagadas, carentes de sinalização e mal fiscalizadas, as ciclofaixas do Recife são motivo de medo para ciclistas. Seja a trabalho ou lazer, pedalar pelas ruas da capital passou de solução a motivo de preocupação para quem depende das bicicletas para se locomover. O JC esteve nas Ruas Paula Batista, em Casa Amarela, na Zona Norte; 21 de Abril, em Afogados; e na Avenida do Forte, no Cordeiro, ambas na Zona Oeste, e constatou a falta de manutenção dos equipamentos.

A primeira, que passa em frente à delegacia de Casa Amarela, é avaliada como a pior da capital no Índice de Desenvolvimento de Estrutura Cicloviária (Ideciclo), desenvolvido pela Associação Metropolitana de Ciclistas do Grande Recife (Ameciclo). “A ciclofaixa não tem manutenção desde que foi instalada”, afirmou Roderick Jordão, coordenador de comunicação da Ameciclo. Pintura apagada e buracos no calçamento ameaçam os ciclistas. Além disso, a estrutura não conta com tachões de sinalização e as faixas acabam servindo de estacionamento para motoristas.

O cenário é o mesmo na Avenida do Forte, localizada no bairro do Cordeiro, Zona Oeste da capital. As faixas que sinalizam a via estão parcialmente apagadas e vários tachões não existem mais. O auxiliar de cozinha Gleibson Mendes, 29 anos, mora na comunidade de Roda de Fogo, bairro dos Torrões, também na Zona Oeste, e utiliza a bicicleta para ir trabalhar em Casa Forte, na Zona Norte. “A estrutura é muito boa, mas faltam cuidados. Se existir manutenção, as ciclofaixas podem estimular outras pessoas a utilizar mais a bicicleta”, defende. Para ele, há ainda outro problema: a falta de fiscalização. “Muitos carros estacionam na faixa, obrigando a gente a passar pelo meio da rua.”

Na Rua 21 de Abril, em Afogados, a situação é especialmente preocupante. No local onde havia uma ciclofaixa, existe hoje uma ciclorrota, modalidade que não conta com faixas indicativas no chão, apenas placas verticais. Assim, ciclistas são forçados a pedalar entre carros, ônibus e caminhões. “Toda semana tem acidente por aqui”, denuncia o autônomo Roberto Joaquim da Silva, 55 anos. Mais uma vez, o local serve de estacionamento irregular.

CRÍTICAS

Para o coordenador da Ameciclo, as estruturas cicloviárias não são prioridade da gestão municipal. “A Prefeitura do Recife não constrói equipamento algum há um ano e dois meses. O Plano Diretor Cicloviário (PDC) não tem suas metas cumpridas. É uma falta de atenção muito grande com o ciclista”, criticou. Em 2017, segundo a Ameciclo, três ciclistas perderam a vida na capital.

Em nota, a Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano do Recife (CTTU) afirmou que realiza trabalho contínuo de vistoria e renova pintura e sinalização vertical sempre que necessário. O órgão informou ainda que os equipamentos citados na reportagem já constam no calendário de manutenção e deverão ser requalificados nos próximos meses. Sobre fiscalização, a CTTU afirmou que agentes realizam rondas diárias nas rotas cicláveis do Recife.

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