Caso Mirella

Testemunhas reforçam perfil de Edvan como homem violento

As 13 testemunhas ouvidas na primeira audiência de instrução do processo contaram que o acusado assediava mulheres, oferecia drogas e era agressivo

Roberta Soares
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Roberta Soares
Publicado em 21/06/2017 às 19:24
Fotos: Sérgio Bernardo/JC Imagem
FOTO: Fotos: Sérgio Bernardo/JC Imagem
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O perfil de Edvan Luiz da Silva, 32 anos, como um homem violento, acostumado a assediar mulheres e, às vezes, até a agredir fisicamente as pessoas, ganhou força durante a primeira audiência de instrução sobre o assassinato da fisioterapeuta Tássia Mirella de Sena Araújo, 28, realizada nesta quarta-feira (21), na 3ª Vara do Tribunal do Júri da Capital, no Fórum Thomaz de Aquino, Centro do Recife. A avaliação é do promotor de Justiça Antônio Arrochelas, que atua na acusação do caso. As 13 testemunhas ouvidas na audiência, todas apresentadas pela Promotoria e, portanto, de acusação, revelaram situações vivenciadas com o acusado que reforçaram a imagem de homem extremamente agressivo.

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Ainda não há uma data certa para o julgamento de Edvan Luiz da Silva – o que na opinião do promotor só deverá acontecer no próximo ano –, mas para Antônio Arrochelas é praticamente certo que o acusado irá a júri popular, ou seja, será julgado por um corpo de jurados. “A audiência de instrução foi muito positiva porque os depoimentos das testemunhas presentes robusteceram essa imagem de homem violento. As pessoas contaram que ele já assediou mulheres e agrediu fisicamente pessoas que residem e trabalham no mesmo condomínio, além de costumar oferecer drogas. Foi uma imagem muito negativa”, afirmou o promotor.

Não estamos aqui apenas por Mirella, mas por todas as mulheres e pela sociedade em geral. Não há margem para dúvidas de que foi ele quem matou brutalmente Mirella. Ele precisa ir a júri popular. Não pode voltar para a sociedade”, Suely Araújo, mãe da fis

Além dos pais (Suely e Wilson Araújo) e de amigas da fisioterapeuta, foram ouvidas como testemunhas de acusação três vizinhos de Edvan Luiz da Silva, o gerente do condomínio, o porteiro e dois policiais que participaram da prisão do acusado. “E todos relataram episódios de agressividade por parte dele. Esses relatos, associados ao excelente inquérito produzido pela Polícia Civil, reforçaram a culpa do acusado”, diz o promotor.

Apesar de não apresentar nenhuma testemunha na primeira audiência de instrução do caso, a defesa de Edvan Luiz da Silva levantou dúvidas sobre algumas perícias técnicas que constam nos autos, o que vai atrasar o andamento do processo. O juiz da 3ª Vara do Tribunal do Júri da Capital, Pedro Odilon de Alencar, concedeu o prazo de 30 dias para que as novas diligências sejam concluídas. A expectativa é de que pelo menos mais uma audiência de instrução seja realizada para que o acusado do crime seja ouvido, ainda sem data prevista. Talvez, segundo o promotor, os peritos do Instituto de Criminalística prestem depoimento no mesmo dia.

PROTESTO

Familiares e amigos de Tássia Mirella acompanharam a audiência do lado de fora do Fórum Thomaz de Aquino protestando contra o crime e exigindo a punição mais severa possível para o acusado. Com faixas e cartazes pedindo justiça, as pessoas tiveram como objetivo mobilizar não só a opinião popular, mas também sensibilizar o Judiciário para que o processo não perca o ritmo e o julgamento aconteça rapidamente.

 

Ainda não há uma data certa para o julgamento de Edvan Luiz da Silva – o que na opinião do promotor só deverá acontecer no próximo ano –, mas é praticamente certo que o acusado irá a júri popular

“Não estamos aqui apenas por Mirella, mas por todas as mulheres e pela sociedade em geral. Para que outras pessoas não sejam as próximas vítimas. Queremos sensibilizar a sociedade para que esse crime brutal não seja esquecido. Todas as provas estão contra o acusado. Não há margem para dúvidas de que foi ele quem matou brutalmente Mirella. Ele precisa ir a júri popular. Não pode voltar para a sociedade”, defendeu Suely Araújo, mãe da fisioterapeuta.

A família se mostrou indignada com a entrevista que o acusado concedeu, com exclusividade, ao SJCC. “Ele tem direito de falar o que quiser, mas as provas estão aí para incriminá-lo. Sabemos que foi uma estratégia da defesa para tentar moldar a opinião popular e lamentamos ela ter sido publicada. Mas é importante lembrar que DNA não se fabrica”, alertou Milena Rubens, amiga de Mirella.

CRUELDADE

Edvan Luiz da Silva foi indiciado pela Polícia Civil e, posteriormente, denunciado pelo Ministério Público (MPPE) pelo crime de homicídio doloso quadruplamente qualificado. As qualificações foram por ocultação de crime, não possibilitar defesa da vítima, empreender crueldade e feminicídio. O crime ocorreu na manhã do dia 5 de abril, num flat localizado na Rua Ribeiro de Brito, em Boa Viagem. Tássia Mirella morava há quatro meses no local. A mulher foi encontrada nua, com um corte profundo no pescoço, após um funcionário do prédio e alguns moradores ouvirem gritos vindos do 12° andar do edifício. Edvan Luiz foi preso em seguida.

Fotos: Sérgio Bernardo/JC Imagem
- Fotos: Sérgio Bernardo/JC Imagem
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