Patrimônio

Maspe em busca de parceiros para renovar prédio e acervo de arte sacra

O Museu de Arte Sacra de Pernambuco (Maspe), na Cidade Alta de Olinda, pretende captar R$ 10 milhões pela Lei Rouanet para a obra de restauração

Da Editoria Cidades
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Publicado em 26/10/2017 às 8:08
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O Museu de Arte Sacra de Pernambuco (Maspe), na Cidade Alta de Olinda, pretende captar R$ 10 milhões pela Lei Rouanet para a obra de restauração - FOTO: Foto: Leo Motta/JC Imagem
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O Museu de Arte Sacra de Pernambuco está em busca de recursos para a obra de restauração do prédio histórico que ocupa há 40 anos, no Alto da Sé, em Olinda. De acordo com o gestor do Maspe, padre Rinaldo Pereira, a intervenção custará R$ 10.414.061,32 e inclui a nova expografia do centro cultural, além da construção de um anexo para ampliar as atividades.

“Conseguimos aprovar o projeto na Lei Rouanet (Lei Federal de Incentivo à Cultura) e estamos autorizados pela Ministério da Cultura a captar os recursos com a iniciativa privada e estatais”, afirma padre Rinaldo Pereira. A obra prevê a recuperação interna e externa do imóvel, construção de rampas e instalação de elevador para garantir acessibilidade e a restauração de peças do acervo.

Inaugurado em 11 de abril de 1977, para expor obras de arte sacras e religiosas, o Maspe funciona na antiga residência dos bispos. O prédio pertence à Arquidiocese de Olinda e Recife e o museu é administrado em parceria com a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe). A Comissão de Bens Culturais da arquidiocese tem até junho de 2018 para levantar a verba.

“Estamos fazendo contatos com estatais e bancos privados e vamos procurar apoio de empresas locais”, declara padre Rinaldo, presidente da Comissão Arquidiocesana de Pastoral para a Cultura. O acervo do Maspe, diz ele, reúne mais de 600 peças originárias de igrejas de Olinda e do Recife. “Praticamente 90% desse conjunto é de propriedade da arquidiocese”, informa o religioso.

EXPOSIÇÃO

Hoje, cerca de cem peças do século 17 aos dias atuais encontram-se em exposição no prédio, localizado no número 726 da Rua Bispo Coutinho. O projeto contempla a restauração de 40% das obras de arte. Padre Rinaldo acrescenta que o anexo sugerido na proposta deverá ser construído no quintal do Maspe para abrigar a reserva técnica do centro cultural e funções administrativas.

A nova expografia (conjunto de técnicas para a montagem de uma exposição) dará mais visibilidade a peças que destacam no museu, como as três imagens de santos do século 17 decapitadas durante a ocupação holandesa no Nordeste brasileiro (1630-1654). “Elas foram encontradas no século 20, pelo arqueólogo da UFPE Marcos Albuquerque, em escavação na Igreja da Graça, de Olinda”, diz Iron Mendes de Araújo Júnior, historiador do Maspe.

Também chama a atenção de visitantes o sacrário roubado em 1976 da Igreja da Madre de Deus, no Bairro do Recife, Centro da capital pernambucana. A arca, usada na igreja para guardar hóstia consagrada, só foi recuperada três anos atrás em poder de um colecionador do Rio de Janeiro. É uma peça possivelmente do século 19, de madeira revestida de prata.

No mesmo salão fica uma curiosa imagem do Cristo crucificado com feições asiáticas, feita de marfim. “Na cruz, há elementos que lembram as ruínas da Igreja da Madre de Deus e do Colégio de São Pedro de Macau, na China”, observa Iron Mendes Júnior, que pesquisa a origem do crucifixo.

Um presépio que traz Maria e José como um casal de nordestinos, com o menino Jesus deitado na rede, é outro atrativo do museu, diz Iron Mendes Júnior. O cangaceiro Lampião, Zumbi (último líder do Quilombo dos Palmares) e Antônio Conselheiro (líder messiânico do arraial de Canudos) assumem o lugar dos reis magos.

PRÉDIO

O Maspe recebe uma média de 770 visitantes por mês, de terça a domingo, das 10h às 17h. A entrada custa R$ 5 (inteira) e R$ 2,50 (meia). O prédio, construído em 1537, funcionou como Casa de Câmara e Cadeia até o século 17, quando foi reformado para acolher o Palácio Episcopal, residência dos bispos de Olinda. Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) serviu de abrigo para soldados, sediou escola e em 1977 virou a sede do Maspe.

O restauro de 40 anos atrás resgatou no edifício as características do Palácio Episcopal. Ainda este ano, padre Rinaldo pretende lançar o primeiro catálogo do acervo do Maspe, em parceria com a Companhia Editora de Pernambuco (Cepe).

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