Patrimônio

Férias de verão com monumentos fechados na Cidade Alta de Olinda

Prédios históricos em Olinda estão interditados e sem visitação pública, enquanto aguardam obra de restauração

Cleide Alves
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Cleide Alves
Publicado em 09/12/2017 às 17:17
Foto: Filipe Jordão/JC Imagem
Prédios históricos em Olinda estão interditados e sem visitação pública, enquanto aguardam obra de restauração - FOTO: Foto: Filipe Jordão/JC Imagem
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As férias de fim de ano levam dezenas de turistas ao Sítio Histórico de Olinda, todos os dias. Mas a Cidade Alta, que remete ao início da colonização portuguesa no Brasil, no século 16, mantém uma parte de seus monumentos de portas fechadas aos visitantes. “É decepcionante porque o turista sempre quer ver tudo e fazer fotos para levar de lembrança”, declara o servidor público federal de São Paulo Armando dos Anjos.

Interditados e à espera de obras de restauração, o Seminário de Olinda, a Igreja de Nossa Senhora da Graça e a Igreja de São Pedro só podem ter as fachadas fotografadas. “Isso deixa o turista um pouco frustrado, também queremos conhecer o interior dos prédios, ver as obras de arte, circular. Entrar no monumento é entrar na história, sentir e ser remetido ao passado”, diz Marisa de Freitas, coordenadora de Educação Integral em Juiz de Fora (MG).

O Seminário e a Igreja da Graça, localizados no ponto mais alto de Olinda, na Sé, foram interditados pela Defesa Civil da cidade em 28 de maio de 2015, por causa de avarias generalizadas. Até o momento, a Arquidiocese de Olinda e Recife não conseguiu os R$ 3,7 milhões necessários à execução da obra emergencial, que tiraria as edificações da situação de risco e permitiria o retorno das atividades religiosas e a reabertura para o público.

“Nada mudou, estamos em busca de patrocinadores pela Lei Rouanet (Lei Federal de Incentivo à Cultura), conseguimos poucos colaboradores, ainda não alcançamos nem R$ 1 milhão”, declara a gestora de projetos da arquidiocese, Telma Liége. “Nosso interesse é abrir a igreja e o seminário novamente, mas para isso precisamos de ajuda”, acrescenta. Por enquanto, o visitante deixa de conhecer um prédio que testemunha a arquitetura jesuítica do século 16 no Brasil.

SÃO PEDRO

O projeto de restauração da Igreja de São Pedro Mártir de Verona, construção da segunda metade do século 18 no Carmo, continua esperando aprovação pelo PAC Cidades Históricas, informa monsenhor José Albérico Bezerra de Almeida, responsável pela paróquia. Desde 17 de setembro de 2015, quando a Defesa Civil de Olinda interditou o templo por causa de problemas no telhado, as atividades religiosas e as visitas estão suspensas.

Em setembro de 2017, o pároco e a comunidade decidiram consertar o telhado para retomar as missas e aguardar a obra de restauração pelo PAC com a igreja de portas abertas. “Estamos comprando o material e a Prefeitura de Olinda vai ceder a mão de obra”, diz monsenhor Albérico. A paróquia providenciou a remoção do anexo que descaracterizava o prédio histórico.

“É uma decepção para visitantes que vêm de tão longe encontrar igrejas e prédios históricos fechados, alguns em reformas que não acabam nunca. A cultura é a primeira a ser atingida quando há cortes de verba. Porém, cortar verba da cultura é cortar as raízes da nossa história”, ressalta o funcionário público José Benigno de Souza Filho, morador de Patos (PB).

A Igreja do Bonfim, no Carmo, passou cinco anos fechada até a liberação da verba para a obra de restauração pelo PAC. O trabalho começou em 27 de abril último e está previsto para terminar em 21 de julho de 2018, numa ação conduzida pela arquidiocese, Prefeitura de Olinda e Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan-PE). O valor é R$ 2,09 milhões.

LONGA ESPERA

Continuam de fora do circuito turístico o prédio principal do Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco, na Rua 13 de Maio; o Clube Atlântico e o Cine Olinda, no Carmo; o Cine Duarte Coelho e o Mercado Eufrásio Barbosa, no Varadouro. O MAC, inaugurado em 1996, ocupa uma edificação do século 18 (1765) no Carmo, que no passado funcionava como cárcere eclesiástico para recolher pessoas acusadas de delitos contra a religião católica.

A Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), responsável pelo museu, não informou quando o centro cultural estará em condições de receber visitantes.

A obra de restauração do Eufrásio Barbosa, iniciada em agosto de 2015, está prevista para terminar ainda este ano. As intervenções no Cine Olinda (fechado na década de 1960) e no Cine Duarte Coelho (desativado nos anos 1980) foram interrompidas e os espaços culturais permanecem sem uso na Cidade Patrimônio da Humanidade.

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