retrospectiva 2017

Retrospectiva de Cidades: 2017 marcado pela violência e tragédias em PE

Escalada nos homicídios, PM matando jovem que protestava contra a violência, mortes trágicas de Mirella e Remís e tragédias da Tamarineira e na Mata Sul marcaram 2017

JC Online
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Publicado em 28/12/2017 às 10:54
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Escalada nos homicídios, PM matando jovem que protestava contra a violência, mortes trágicas de Mirella e Remís e tragédias da Tamarineira e na Mata Sul marcaram 2017 - FOTO: Foto: JC Imagem
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O ano de 2017 ficou marcado pela escalada da violência e por tragédias de todo o tipo. Mais de cinco mil homicídios, casos chocantes de feminicídio, irresponsabilidade ao volante custando vidas e chuvas castigando várias cidades do Estado. Confira os principais destaques na retrospectiva de Cidades.

Uma marca superior a cinco mil homicídios

Pernambuco fecha 2017 com a marca histórica de 5.030 homicídios em 11 meses. Antes mesmo de o ano acabar, são 1.023 mortes a mais que em 2016. O número consolida o crescimento dos Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI) nos últimos quatro anos e crava o fracasso do Pacto pela Vida, que um dia foi política de combate à violência. Das dez cidades que lideram os índices, sete estão no Grande Recife, com a capital em primeiro (730 homicídios). No interior, o destaque foi Caruaru, no Agreste, com 248 homicídios, atrás apenas do Recife e de Jaboatão dos Guararapes (364). Entre as dez mais violentas também estão Petrolina, Sertão, com 122 homicídios, e Vitória de Santo Antão, Mata Norte, com 113. Os números são da Secretaria de Defesa Social.

Na tragédia pernambucana de 2017, houve espaço para diversos tipos de assassinatos. Em Itambé, Mata Norte, Edvaldo da Silva, 19, morreu após um tiro de bala de borracha disparado por um PM, durante protesto contra a violência, em março. Passou 25 dias internado, mas não residiu. Os PMs Ivaldo Batista, 33, e Ramos Silva Cazé, 43, foram afastados das ruas e aguardam julgamento da Corregedoria. Em Boa Viagem, Zona Sul do Recife, a fisioterapeuta Mirella Sena, 28, foi vítima de feminicídio, em abril, no apartamento onde morava, morta pelo vizinho Edvan Luiz da Silva, 32. Acusado de estupro e homicídio quadruplamente qualificado, ele vai a júri popular. 

Nem uma casa de orações escapou. Em julho, o Grupo Espírita Amor ao Próximo (Geap), em Jaboatão, assaltantes provocaram tiroteio durante palestra para 200 pessoas. Morreram a professora Luiziana de Barros, 57; o PM Alexsandro Alves, 40; e dois suspeitos. Na Tamarineira, Zona Norte, Maria Emília, 39, o filho, Miguelzinho, 3, e a babá grávida Roseane Souza, 23, morreram vítimas do motorista alcoolizado João Victor Ribeiro, 25, que furou um sinal vermelho a 108 km/h, em novembro, atingindo o carro da família. Ele responde por homicídio doloso. Sobreviveram o esposo de Maria Emília, Miguel Arruda, e a filha Marcela Silveira, 5. Este mês, outro caso de feminicídio chocou a população. A estudante de pedagogia Remís Carla Costa, 24, foi morta pelo ex-namorado, o ajudante de pedreiro Paulo César de Oliveira, 25, após briga no dia 17. O corpo da jovem foi encontrado uma semana após seu desaparecimento, enterrado na área do condomínio onde Paulo César residia, no Loteamento Nova Morada, Zona Oeste do Recife. Os abusos sofridos por Remís durante o relacionamento de dois anos com Paulo vieram à tona depois que a estudante sumiu. Todos viraram estatísticas e deixaram destroçadas famílias que só querem esquecer 2017.

Sete anos depois, Mata Sul de novo castigada

Os moradores da Mata Sul de Pernambuco viveram um verdadeiro pesadelo com as enchentes de maio e julho deste ano. Milhares de desabrigados, incontáveis danos materiais, estradas interrompidas, deslizamentos de barreiras, falta de abastecimento d’água, comida e energia elétrica e 15 cidades em estado de calamidade. As chuvas que atingiram fortemente a região fizeram transbordar os Rios Una e Amaraji, que cortam municípios como Palmares e Barreiros. O pior de tudo é que, por mais devastador, não foi nada que a região já não tivesse vivido. A destruição causada pela mistura explosiva da força da natureza com a inoperância do poder público é velha conhecida da população, que em 2010 amargou situação semelhante. Naquele ano, cinco barragens foram prometidas. As obras ajudariam a evitar o que aconteceu em 2017. Mas, só a de Serro Azul, em Palmares, está em uso. Em meio à desgraça, o menino Maicon Vinícius Bezerra (à esquerda), 6 anos, tentava se equilibrar em meio à lama grossa que arrasou a casa da família, em Catende. O pouco que ele e sua família tinham – roupas, geladeira e fogão – foi inutilizado pelo temporal. Maicon lembrou-se de salvar os brinquedos. Couberam em uma mochila.

Fortes na disputa por certificado da Unesco

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) divulgou este ano uma boa notícia para Pernambuco: o compromisso dos Ministérios da Cultura, Turismo e Defesa com a candidatura de três fortes localizados no Estado ao título de Patrimônio da Humanidade. As fortalezas de São Tiago das Cinco Pontas (bairro de São José, no Centro do Recife), do Brum (Bairro do Recife, também no Centro da capital) e Orange (Ilha de Itamaracá, na Região Metropolitana) faziam parte do sistema militar de defesa da costa brasileira, no século 17. A certificação é concedida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

Transplantes crescem 25% durante este ano

O ano de 2017 foi de boas notícias para a área de transplantes de órgãos e tecidos em Pernambuco. Ainda em novembro, o Estado já havia superado em 25% o número de procedimentos realizados, em comparação a todo o ano de 2016. Os dados são da Central de Transplantes do Estado. Pernambuco passou de 1.343 cirurgias de órgãos e tecidos em 2016 para 1.680 em 2017, um crescimento de 25,09%. A fila de espera de córneas, por exemplo, foi zerada este ano, o que significa que qualquer pessoa que precisar do órgão agora espera no máximo 30 dias pela cirurgia, prazo para realizar exames obrigatórios. Houve mais de 800 operações de córneas em 2017.

Compaz do Cordeiro trouxe esperança

A inauguração do Centro Comunitário da Paz (Compaz) Escritor Ariano Suassuna, mais conhecido como Compaz do Cordeiro, na Zona Oeste do Recife, em março deste ano, foi uma das poucas iniciativas de prevenção à violência na capital em 2017. Embora a gestão municipal tenha prometido cinco unidades e entregue apenas duas (em 2016, foi aberto o primeiro Compaz, no Alto de Santa Terezinha) o local é um incentivo no combate à criminalidade. Atualmente, a estrutura tem 10.536 usuários cadastrados. No espaço, funciona a Biblioteca Jornalista Carlos Percol, com média diária de 304 visitantes.

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