Recomeço

Um novo passo na vida das iraquianas refugiadas em Pernambuco

Magida Darwish e Ida Aman estão refugiadas no Estado desde o dia 30 de dezembro. Nesta segunda, emitiram carteira de trabalho, iniciando um novo capítulo

Da editoria de Cidades
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Publicado em 29/01/2018 às 15:40
Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
Magida Darwish e Ida Aman estão refugiadas no Estado desde o dia 30 de dezembro. Nesta segunda, emitiram carteira de trabalho, iniciando um novo capítulo - FOTO: Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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Mais um passo foi dado para que a iraquiana Magida Darwish, de 20 anos, e sua cunhada, Ida Aman Heji, de 24 anos, refugiadas em Pernambuco desde o último dia 30 de dezembro, possam reconstruir suas vidas.

Nesta segunda-feira (29), as mulheres foram até a Superintendência de Trabalho e Emprego, no bairro do Espinheiro, Zona Norte do Recife, solicitar a carteira de trabalho, para poder procurar um emprego fixo no País. As estrangeira, que conseguiram resgatar os passaportes iraquianos, já possuem o protocolo do Comitê Nacional para Refugiados (Conare), documento que garante por até dois anos a legalidade das iraquianas no Brasil, enquanto aguardam a liberação da estadia permanente.

As refugiadas permanecem hospedadas, junto com o filho de Ida, Lavan Dawud, de 4 anos, na Comunidade da Obra de Maria, um projeto da Igreja Católica localizado em São Lourenço da Mata, na Região Metropolitana do Recife. Além de conseguir um emprego, Magida, que cursava engenharia civil no Iraque e parou os estudos devido aos bombardeios, pretende voltar a universidade e terminar o curso. “Aqui é um lugar bom, não é como meu país que está em conflito. Estou em segurança, quero poder finalizar meus estudos, e trabalhar, recomeçar minha vida”, afirmou. “Quero aprender português e proporcionar uma boa vida para meu filho”, completou Ida. Lavan já está matriculado em uma creche da Obra de Maria e vem tendo boa adaptação ao País.

O secretário estadual de Justiça e Direitos Humanos, Pedro Eurico, acompanhou as iraquianas durante a retirada da carteira de trabalho. “O Brasil é um país aberto às comunidades internacionais, e Pernambuco não pode estar longe disso. Então, prestamos toda a assistência necessária para a adaptação delas, e esperamos que o documento permanente delas saia em breve, antes do prazo de dois anos”, detalhou.

Refúgio

O processo de refúgio das duas iraquianas começou quando elas e o garoto tentavam embarcar para Madri, Espanha, com passaportes israelenses falsos, e de lá seguir para a Alemanha, mas foram interceptadas pela Polícia Federal no aeroporto do Recife. O que poderia ser motivo para prisão transformou-se em recomeço. Os três foram acolhidos em Pernambuco e ficarão no Estado até o Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), em Brasília, analisar o pedido de asilo.

Magida, Ida Aman e Lavan são da cidade de Sinjar, no Iraque. Em 2014, o Estado Islâmico (EI) bombardeou o local e várias pessoas morreram. A população precisou abrir valas para enterrar as centenas de mortos. O mundo como eles conheciam ruiu obrigando os três e o restante da família a fugirem para o Curdistão, região autônoma do Iraque, onde passaram três anos. Após o apoio recebido em Pernambuco, as iraquianas não sabem mais se vão para a Alemanha, onde estão os pais de Magida e o marido de Ida. “Estou muito feliz aqui, quero ficar. As pessoas são muito acolhedoras", finalizou Magida.

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