ORDENAMENTO

Comerciantes do Centro do Recife buscam espaço para trabalhar

Nessa terça-feira (3), os ambulantes realizaram protesto, denunciando truculência por parte da prefeitura da capital

Editoria da Cidades
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Publicado em 04/04/2018 às 8:33
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Nessa terça-feira (3), os ambulantes realizaram protesto, denunciando truculência por parte da prefeitura da capital - FOTO: Foto: Reprodução
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A novela que envolve o ordenamento do comércio informal no Centro do Recife ganhou mais um capítulo na manhã dessa terça-feira (3), quando ambulantes do bairro de São José realizaram um protesto, acusando a gestão municipal de truculência e descaso. Mas o problema está longe de ter fim. Isso porque a prefeitura não permite o cadastramento dos comerciantes em situação irregular na área e tampouco tem um plano para realocá-los. Nesta quarta-feira (4), representantes do Sindicato do Comércio de Vendedores Ambulantes do Recife (Sindambulante) devem procurar a prefeitura para cobrar esclarecimentos.

A confusão teve início após uma fiscalização da Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano do Recife (Semoc). Cansados de ter os produtos apreendidos, os ambulantes iniciaram um ato na Rua Direita, nas proximidades do Mercado de São José. O trecho é emblemático. Em 2013, a prefeitura cadastrou parte dos ambulantes, para definir um plano de ordenamento para a área. Desde então, não é possível se regularizar. “Já tentei, mas eles não nos recebem. O que não entendo é que quando eles apreendem, a gente tem que pagar R$ 300, R$ 400 para liberar. Aí podemos voltar para a rua”, criticou o ambulante Robson José dos Santos.

Durante a manifestação, que iniciou por volta das 10h30 e se estendeu até o início da tarde, houve correria e pneus foram queimados. O 17º Batalhão da Polícia militar (BPM) foi acionado para conter os ânimos dos manifestantes. Os policiais utilizaram gás de pimenta para dispersar os ambulantes. As lojas das Ruas Direita e Nova chegaram a fechar as portas durante parte da manhã. “Pedimos para fechar para ninguém se machucar e a gente poder protestar”, explicou a comerciante Rayane Soares.

Para o presidente do sindicato, Roberto França, o controle tem que existir, mas a prefeitura deve oferecer a oportunidade aos comerciantes de se regularizarem. “Com o cadastro suspenso, fica difícil para o ambulante estar certo. A prefeitura deixa encher as ruas, sem controle nenhum, e depois quer tirar tudo de uma vez só e da forma errada. Chega com cassetete, apreendendo as mercadorias. Não tem nenhum marginal para estar sendo perseguido pela polícia. Somos cidadãos de bem tentando tirar nosso sustento.” Nesta quarta-feira, ele deve procurar o secretário João Braga para conversar sobre a situação.

RESPOSTA

Em nota, a pasta esclareceu que 130 comerciantes estão autorizados a trabalhar na área onde os protestos aconteceram. Nos próximos meses, eles devem ser transferidos para o Centro Comercial do Cais de Santa Rita, cujas obras se arrastam há anos, mas finalmente estão em fase de conclusão. “É importante salientar que os ambulantes não cadastrados foram notificados sobre a impossibilidade de permanecer na área”, diz um trecho do comunicado.

Sobre a ação policial, criticada por alguns comerciantes, a PM informou que foi acionada para prestar apoio à ação e acabou sendo recebida de forma agressiva. “Por isso, foi empregado o uso da força necessária para conter os ânimos e proteger o patrimônio público e privado, assim como a integridade física de agentes públicos, comerciantes e também de manifestantes que estavam no local.”

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