RELIGIÃO

Festa do Fogo reverencia Xangô no Centro do Recife

A Festa do Fogo ocupou o Pátio de São Pedro para celebrar o orixá e aproximar os povos de terreiros dos não praticantes de religiões de matriz africana

JC Online
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Publicado em 28/06/2018 às 3:31
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A Festa do Fogo ocupou o Pátio de São Pedro para celebrar o orixá e aproximar os povos de terreiros dos não praticantes de religiões de matriz africana - FOTO: Foto: Diego Nigro/JC Imagem
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A Festa do Fogo ocupou o Pátio de São Pedro, no Centro do Recife, para reverenciar Xangô, o orixá da justiça, dos raios e dos trovões, e aproximar os povos dos terreiros dos não praticantes de religiões de matriz africana. Dançando em volta de uma fogueira sob o som de tambores fervorosos, entoando cânticos e discursando em cima de um palco, adoradores da divindade, muitos trajando branco e vermelho, mostraram aos seus irmãos de santo e a quem esteve no local, na noite dessa quarta-feira (27), a importância de exercer publicamente a crença que os faz felizes.

“Mais uma vez reverenciamos Xangô e seu elemento fogo pedindo paz, justiça e igualdade a todos os povos. É um prazer trazer não adeptos para celebrar conosco a alegria, a fartura, a possibilidade de um diálogo fraterno entre vários credos”, explicou Mãe Elza de Iemanjá, organizadora do ritual e coordenadora religiosa da Caminhada dos Terreiros de Pernambuco.

Combatendo o preconceito que ainda aflige tanto os povos de terreiros, Mãe Valda, do terreiro Ilê Asé Sango Ayrá Ibonã, em Pirapama, no Cabo de Santo Agostinho, Grande Recife, destaca que a intenção dele é sempre propagar o bem. “A Festa do Fogo é uma forma de mostrarmos à sociedade o quanto nossa religião é bonita, cheia de vida. A gente não deseja o mal a ninguém, só axé, paz, prosperidade. Xangô é o orixá da justiça, o orixá rei, ele é grandioso em bondade e honestidade e é isso que queremos transmitir.”

Xangô e São João

No meio do Pátio de São Pedro, a grande fogueira representando o elemento de Xangô lembrou São João, o mais conhecido dos santos juninos e o que emprestou seu lugar de adoração para que os religiosos de matriz africana pudessem cultuar o orixá, conforme explica Mãe Elza. “Xangô começou a ser reverenciado em junho no período de escravidão porque nós precisávamos adorar e não tínhamos como. Nossa religião era perseguida. Foi nesse momento que nossos pais entenderam que os santos católicos poderiam emprestar seus lugares de adoração para que Xangô e outras divindades pudessem ser reverenciadas.”

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