Marcando o início do 'Mês da Consciência Negra', a 12ª edição da Caminhada dos Terreiros de Pernambuco reuniu, nesta quinta-feira (1º), integrantes das religiões de matriz africana no Centro do Recife. O tradicional cortejo foi promovido pela Associação Caminhada dos Terreiros de Pernambuco, com apoio da Prefeitura do Recife e organização do Movimento Negro Unificado e do Ilè Egbe Ase Awo.
Manifestação pediu respeito
A sensação de pertencimento tomou conta da Praça, tomada por mulheres, homens, pessoas idosas e crianças, vestidos com as indumentárias características das religiões de matriz africana, ao tempo em que ostentavam a consolidação da democracia, frente ao enfrentamento da intolerância e ao preconceito.
"Construir a Caminhada é manter viva a religião; é apresentar nossos costumes às pessoas que não são da mesma religião que nós, mas vêm aqui, para prestigiar, conhecer. Isso mostra que elas não têm preconceito, só curiosidade. Para nós, o enfrentamento ao preconceito está aí, também. Devemos isso à memória de tantos negros e negras que morreram lutando para o negro ter espaço na sociedade", comenta Mãe Elza, assessora da coordenadoria de Igualdade Racial da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (SJDH) e coordenadora religiosa da Caminhada.
O ato também contou com a presença de Frei Rinaldo Pereira dos Santos – Pároco da Igreja da Madre de Deus – e que foi chamado ao palco pela organização do evento. "Me sinto na obrigação de estar aqui hoje, para prestar solidariedade aos meus irmãos e irmãs, que cultuam sua fé alicerçados pelas religiões de Matriz Afro. Quero demonstrar meu respeito e apoio contra toda forma de racismo, discriminação e intolerância. Somos todos filhos do mesmo Deus e Pai. Somos todos irmãos." Sob muitos aplausos que referendaram sua participação, o frei anunciou, ainda, que também solicitou a abertura da Paróquia do Pátio de São Pedro (ponto de encerramento da Caminhada), para apoio aos integrantes do ato.
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A caminhada teve concentração às 14h, no Marco Zero, onde lideranças religiosas realizaram seus discursos, além do Xirê, com danças e cânticos para os orixás, antes de ganhar as ruas do Centro. Participaram do ato praticantes de religiões como a umbanda, a jurema e o candomblé.
Na 12ª edição da caminhada, o evento pediu respeito ao culto dos orixás, caboclos e demais entidades veneradas pelos povos de terreiro.
Para acompanhar a caminhada, que seguiu pela Avenida Marquês de Olinda, Ponte Buarque de Macedo, Praça da República, Dantas Barreto, Avenida Guararapes até o Pátio de São Pedro, foram disponibilizados Frevioca, banheiros químicos na concentração, no percurso e na dispersão. Também foram disponibilizados ônibus para transportar as Iyás até a concentração. Assim como o Marco Zero, o Pátio contou com estrutura de palco e som, montada pela Prefeitura do Recife.