Rachaduras, ferragens expostas e infiltrações. No trecho mais movimentado da BR-101 no Estado, as construções por onde circulam diariamente cerca de 70 mil veículos – muitos com cargas pesadas – mostram sinais claros de deterioração, provenientes da falta de manutenção. O JC percorreu os mais de 30 quilômetros da Estrada do Contorno, que liga Jaboatão dos Guararapes a Paulista, no Grande Recife, para levantar o estado de conservação das construções.
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Os viadutos do trecho metropolitano começaram a ser erguidos na década de 1970. Com a duplicação da BR-101, outros foram edificados a partir de 2003. Em todos foram encontrados problemas semelhantes. No viaduto próximo à fábrica da Coca-Cola, onde se inicia a Estrada do Contorno, em Prazeres, Jaboatão dos Guararapes, a vegetação cresce entre as juntas de dilatação. “Isso acontece porque ela não está selada como deveria. A água infiltra e se junta à areia trazida pelos próprios veículos. Essa junção acaba propiciando um ambiente favorável à vida em meio ao concreto”, explica Carlos Calado, engenheiro civil especialista neste tipo de construção. A presença de vegetação indica a falta de manutenção na estrutura e as raízes e umidade do ambiente podem acabar prejudicando a própria estrutura de concreto.
No viaduto próximo ao Hospital da Mulher do Recife, no Curado, vários ferros estão expostos na base de um dos pilares. Não bastassem as estruturas enferrujadas, parte delas ainda está rompida. “É comum que os problemas se apresentem na base, porque é um local mais vulnerável, que está próximo das condições de ataque do solo”, explica o engenheiro, que também é professor da Universidade de Pernambuco (UPE). Segundo ele, além da ação do tempo, esse tipo de falha pode ser indicativo de má construção.
O cenário se repete em outros locais, a exemplo do viaduto próximo à Avenida Caxangá. A deterioração, nesse ponto, ainda tem outra justificativa: a grande circulação de pessoas no entorno. “Em áreas urbanizadas, a ação humana tem impacto direto no estado de conservação das construções”, pontua Calado.
O vendedor Roberto Gomes, 50 anos, trabalha nas imediações e garante: há muito tempo o viaduto não passa por manutenção. “Estou aqui há 20 anos e nunca vi. É um descaso total. Faz medo de que um dia venha a cair.”
A situação mais emblemática é a do viaduto localizado em frente à reitoria da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Além de mato e ferragens expostas e rompidas, a construção tem goteiras, indicativos de que há muita água acumulada no interior.
Pingadeiras foram instaladas para ajudar no escoamento da água. “Não seria problema o pingamento, se ele acontecesse somente através dessas estruturas. O que é atípico nesse viaduto é que a água pinga também através de rachaduras”, salienta.
No mesmo local, o material emborrachado que serve para selar as juntas está pendurado. “A borracha não tem a mesma vida útil do viaduto. É natural que haja desgaste. Mas é necessário que, quando ele aconteça, o material seja retirado, a estrutura limpa e outra borracha selante colocada no local”, destaca o professor.
Nem mesmo as estruturas mais novas escapam do descaso. Próximo ao Hospital Miguel Arraes, no entroncamento da BR-101 com a PE-15, em Paulista, o viaduto, construído há cerca de 15 anos, também mostra sinais de falta de manutenção. A edificação segue um modelo mais moderno e barato de construção, a chamada “terra armada”. Em uma das juntas, é visível a infiltração de água. No local, já há vegetação crescendo.
Para o professor, não existe risco iminente de colapso em nenhum dos viadutos, mas a falta de manutenção preocupa. “O que fica claro é que não se tem feito um trabalho de prevenção. E a correção sai cara. Pela Regra de Sitter, o custo da intervenção é cinco vezes maior a cada ano que se demora para realizar o serviço.”
RESPOSTA
Responsável pelas obras da BR-101 no Contorno do Recife, o Departamento de Estradas e Rodagem (DER) de Pernambuco informou que a manutenção dos viadutos é de responsabilidade do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).
Em nota, o Dnit informou que “no tocante às obras de arte especiais (viadutos), encontra-se em fase de desenvolvimento o Proarte, programa de manutenção e conservação com foco específico nestes dispositivos existentes em rodovias federais”. O comunicado diz ainda que a manutenção ocorre rotineiramente e que os viadutos “passam por intervenções pontuais quando necessário”.