SOLIDARIEDADE

Restaurante para moradores de rua, no Recife, precisa de doações

Local funciona no bairro de Campo Grande. Recursos para continuar funcionando só vão até fevereiro

Margarida Azevedo
Cadastrado por
Margarida Azevedo
Publicado em 23/12/2018 às 7:14
Foto: Bobby Fabisak / JC Imagem
Local funciona no bairro de Campo Grande. Recursos para continuar funcionando só vão até fevereiro - FOTO: Foto: Bobby Fabisak / JC Imagem
Leitura:

Mais de mil pessoas já passaram pela Casa Vincular em busca de um prato de comida ou de um banho refrescante. Localizado no bairro de Campo Grande, Zona Norte do Recife, o espaço virou, há um ano e cinco meses, porto seguro para moradores de rua. Também para quem tem residência fixa, porém não consegue comprar alimento devido à situação de vulnerabilidade social. Lá encontram muito mais que abrigo para matar a fome. Recebem atenção e restauram um pouco da dignidade perdida nas ruas. Mas o recurso para bancar a manutenção da casa só vai durar até fevereiro. A casa precisa de doações em dinheiro para continuar funcionando.

“Temos uma quantidade razoável de alimentos e de produtos de higiene no estoque. Nossa maior preocupação é pagar as contas para manter a casa. O imóvel é alugado, temos despesas com água e energia. Boa parte do trabalho é feito por voluntários. Mas existem quatro funcionários contratados. Há salários e encargos sociais a serem pagos”, diz a subgerente da Casa Vincular, Juliana Alves. O restaurante popular é uma iniciativa de um grupo de leigos católicos que participam de uma ação mais ampla, o Projeto Vincular.

“Fome a gente tem todos os dias. Sede de vínculo também. Por isso realizamos um trabalho contínuo, em busca de uma mudança concreta na realidade das pessoas mais necessitadas. Aproveitamos esse período de Natal, quando muitas vezes paramos para refletir sobre nossas atitudes, para pedir contribuições financeiras para que continuemos o trabalho o ano todo”, enfatiza a responsável pela área financeira do Projeto Vincular, Janine Azevedo.

BANHO

A casa começou a funcionar em agosto do ano passado. Nos primeiros dias cerca de 20 pessoas apareceram para comer. Atualmente há uma média diária de 60. Os almoços são servidos três vezes por semana, às segundas, quartas e sextas-feiras. Nos outros dois dias, terças e quintas-feiras, os participantes tomam café da manhã e usam dois banheiros para tomar banho. Recebem uma muda de roupa limpa, caso queiram.

“Com seis meses da casa, percebemos a necessidade dos frequentadores de tomar banho pois comida eles conseguem mais facilmente na rua. Difícil é achar quem abra a porta para oferecer um banho de chuveiro”, comenta Juliana. “Ganhamos doações de roupas, principalmente de mulheres. Nossa necessidade é mais de bermudas masculinas, nosso maior público. E shorts femininos e camisas unissex. Sandálias, tipo chinelo, são bem-vindas também”, diz Juliana. Pessoas que viajam costumam levar para doação kits de higiente que encontram nos hotéis, como pequenos sabonetes, xampus e condicionadores.

“O banho, o alimento, são legais. Mas o povo também é muito gentil. Não tratam a gente com ignorância”, diz Antônio Marcos de Almeida, 48 anos, que vive nas ruas há dois meses. “Acho ótimo todo mundo da casa. É muito bom tomar banho, a gente sai cheirosa. E a comida é gostosa”, comenta Catarina Rodrigues, 28, que há um mês frequenta a casa.

“São todos top de linha. No Atitude (programa do governo estadual para usuários de drogas) tratam a gente mal. Na Casa Vincular não. Fazem tudo com carinho, somos bem recebidos”, garante Andreza Maria Silva, 27, moradora de rua desde os 16 anos.

O sociólogo Carlos Alberto Vieira, 61, tem como residência, há um ano, ruas e praças. Sem trabalho fixo, depois que perdeu a mãe não teve outro jeito se não viver na rua. “É um inferno, uma humilhação diária. O melhor da casa não é a comida ou o banho. É o carinho que recebo, o sorriso das pessoas que trabalham”, destaca Carlos.

CAMPANHA

Para assegurar mais verbas para a casa foi criada a campanha #pormais1, a fim de juntar dinheiro para mais um ano de funcionamento. A atriz Grazi Massafera é a estrela da campanha. Foi uma das que se sensibilizou com a causa. A Casa Vincular recebeu, quando era ainda um projeto, menção honrosa da Organização das Nações Unidas (ONU), através do Vatican Youth Symposium, que aconteceu em Roma, em 2016, com a presença do Papa Francisco.

 

Doações de qualquer valor são bem-vindas. As pessoas podem também contribuir mensalmente. Empresários são convidados a ganharem o selo de empresa doadora. Além das refeições e dos banhos, há o atendimento uma vez por mês com um médico. Futuramente o plano é oferecer cursos para os frequentadores.

Para saber como doar ou se tornar voluntário acesse aqui. Se quiser fazer depósito bancário, os dados são: Banco Santander. Agência 4153. Conta 130010194. CNPJ 17.422.658/0001-94. A razão social é Associação Obra dos Viventes

Últimas notícias