O ato Marielles: Livre do Machismo, do racismo e pela previdência pública reuniu, na tarde desta sexta-feira (08/03) mulheres de várias profissões, sindicatos e religiões diferentes ao som de ritmos de batucada e maracatu, chamando a atenção também para os feminicídios. “Somos trans, negras, faveladas, trabalhadoras, mas todas sofremos a mesma opressão e a violência contra as mulheres”, diz a advogada Robeyoncé Lima, que faz parte do coletivo Juntas (PSOL) que assumiu uma cadeira na Assembleia Legislativa este ano. No ano passado, foram assassinadas 241 mulheres em Pernambuco, segundo um levantamento feito pelo projeto #UmaPorUma, elaborado por uma equipe de jornalistas do Sistema Jornal do Commercio (SJCC). Marielle Franco (PSOL) foi uma vereadora do Rio de Janeiro assassinada em março do ano passado.
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No Brasil, a cada hora 536 mulheres sofreram agressão física em 2018, totalizando 4,7 milhões de vítimas, de acordo com um estudo feito pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. A taxa de homicídios de mulheres negras foi 71% superior à de mulheres não negras, ainda segundo a mesma fonte. “As mulheres negras são as principais vítimas do feminicídio e do fascismo que está tomando conta do nosso País. É por isso que estamos nas ruas dizendo não a essa onda de retrocessos”, resume Liliana Barros, integrante da Rede de Mulheres Negras de Pernambuco, uma das entidades que fez parte do protesto.
O evento concentrou partidos ligados à esquerda, como o PT, PSOL, sindicatos, Central Única dos Trabalhadores (CUT), além de organizações não governamentais que lutam por causas sociais e feministas. As faixas e músicas defendiam desde o educador Paulo Freire até coisas básicas que ainda não ocorrem no País, como o respeito às mulheres, independente da classe social e da orientação sexual. O evento também teve poesias recitadas e pelo menos dois grupos de percussão, incluindo o da Nação Mulambo que deu um show à parte.
Além das integrantes do Juntas, também estiveram no evento a deputada estadual Teresa Leitão e a candidata a governadora pelo PSOL, Dani Portela. O único parlamentar do sexo masculino que a reportagem encontrou no evento foi Carlos Veras (PT), que assumiu uma cadeira de deputado federal em fevereiro último. “Essa luta pela igualdade de gênero e da redução da violência contra a mulher tem que ser de toda a sociedade. Não é aceitável as mulheres ganharem menos do que os homens”, disse o político, que é ex-presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT).
PREVIDÊNCIA
Ele também criticou a proposta de reforma da Previdência defendida pelo governo. “O projeto não trata da recuperação das dívidas (da Previdência), não combate a sonegação e nem diminui os privilégios dos militares. Cerca de 80% dos aposentados pelo Regime Geral da Previdência – aquele que inclui os trabalhadores da iniciativa privada e os funcionários de cerca de 3 mil prefeituras que não têm sistemas próprios – recebem até R$ 2 mil. Estão querendo diminuir os privilégios de quem ?”, questiona.
“As mulheres serão as mais prejudicadas pela reforma da Previdência. A proposta prevê a retirada de muitos direitos, como o seguro desemprego e até o de se aposentar”, afirma uma das coordenadoras do ato, Ingrid Farias. A passeata saiu do Derby por volta das 17 horas com destino a Praça da Independência. Cerca de duas mil pessoas participaram do evento, segundo as organizadoras.