História

'O Boi Voador' encerra comemorações do aniversário do Recife

Centenas de pessoas reuniram-se, na noite deste domingo, para assistir o espetáculo. Peça é adaptação de texto de José Pimentel

JC Online
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Publicado em 17/03/2019 às 21:20
Foto: Filipe Jordão/ JC Imagem
Centenas de pessoas reuniram-se, na noite deste domingo, para assistir o espetáculo. Peça é adaptação de texto de José Pimentel - FOTO: Foto: Filipe Jordão/ JC Imagem
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A praça do Marco Zero, no Bairro do Recife, e os seculares prédios que a margeiam serviram de palco, na noite deste domingo, para a encenação do espetáculo O Boi Voador, escrito e dirigido por Ruy Aguiar, com base no texto A Batalha dos Guararapes, do ator e dramaturgo José Pimentel. A montagem, que encerrou as comemorações pelos 482 anos da capital pernambucana, prendeu e encantou o público ao unir elementos artísticos clássicos aos populares, ao falar sobre tolerância, incentivo à cultura e protagonismo feminino, além de, é claro, fazer um boi voar bem no centro antigo do Recife.

O auxiliar administrativo Alex Silva, de 38 anos, levou o filho Samuel, 4, a esposa, uma sobrinha e mãe para assistir a apresentação e elogiou tanto o conteúdo trabalhado na peça, quanto o primor como ela foi executada. “É simplesmente fantástico ver um produto dessa qualidade, de graça, aqui na nossa cidade. Encenações como essa fazem um resgate primoroso da história de Pernambuco. Trabalho fundamental, ainda mais em um País de memória curta como o Brasil”, pontuou.

ACESSIBILIDADE

Apesar dos elogios, Alex afirmou que há pontos que precisam ser observados pela produção da peça para melhorar a experiência do público em futuras apresentações. Como não havia cadeiras, as pessoas precisaram ver toda a montagem em pé. As crianças tiveram que ser colocadas nos braços ou nos ombros dos pais para enxergar as cenas. Cadeirantes e outras pessoas com necessidades especiais também não contaram com uma área reservada para eles no local.

“Se ao menos parte do espaço fosse ocupado por cadeiras, como ocorre no Baile do Menino Deus, certamente não teríamos esse problema. Passar uma hora com uma criança que pesa 25 kg no ombro não é nada fácil”, ressaltou Alex.

A intérprete de libras e dançarina Nina Silva, de 35 anos, que utiliza uma cadeira de rodas, também se queixou da estrutura. “Sem dúvida faltou um telão. Sem cadeiras, as pessoas colocaram as crianças nos ombros e nós perdemos completamente a visão do palco. Mesmo assim, não me arrependo de ter vindo. Nós, pernambucanos, precisamos conhecer a nossa história e essa foi uma boa oportunidade para fazer isso”, detalhou.

De fato. Durante exatamente uma hora, cerca de 50 atores pernambucanos remontaram uma das mais icônicas passagens da história do Recife, quando (segundo uma das versões do fato), Maurício de Nassau teria feito um boi voar ao inaugurar a estrutura que hoje é conhecida como Ponte Maurício de Nassau. Se isso de fato ocorreu, não é certo, mas que um boi voou hoje à noite no Bairro do Recife, centenas de atentas testemunhas podem afirmar categoricamente que sim.

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