As obras da pista de skate do Parque Santana, Zona Norte do Recife, estão prestes a completar um ano e, até agora, nada foi entregue. A inauguração já mudou de data duas vezes e a insatisfação dos usuários do equipamento só aumenta. Skatistas que utilizavam o espaço denunciam não terem sido ouvidos com relação ao novo projeto e definem a nova pista como antidemocrática, já que limita o uso para certas categorias do esporte.
A pista antiga, do tipo snakehead, era menos íngreme e possibilitava a prática de diversas modalidades de skate, inclusive a surfskate, que até então não havia se consolidado no Recife. Agora, com o novo projeto, será beneficiada a modalidade street, que conta com mais obstáculos e, segundo os usuários, já é praticada em outros pontos da cidade. “Ninguém se deu ao trabalho de fazer uma pesquisa com os usuários de lá. O projeto foi criado a partir de uma demanda de um grupo de skatistas que não utilizavam a pista do Parque Santana e queriam a modalidade street. Mudaram totalmente a utilização do espaço e nós, do surfskate, não fomos contemplados. Nossa pista era mais acessível, pessoas de todas as idades costumavam praticar lá”, conta o estudante Lucas Siqueira Cunha, que utilizava o equipamento desde 2013.
Na época em que o projeto foi apresentado, usuários do espaço criaram uma comissão para discutir quais melhorias deveriam ser feitas na pista, mas, segundo eles, as sugestões não foram acatadas. “Um dos participantes era arquiteto e criou um novo projeto, utilizando melhor a área e sem perder as características da pista, mas nossa contraproposta não foi aceita. Nós concordamos que reparos precisavam ser feitos e que a área não era bem utilizada, mas não precisavam destruí-la. Uma nova pista poderia ser construída no terreno ao lado, sem afetar a que já existia”, acrescenta Lucas.
As obras começaram em maio de 2018 e a previsão de entrega era setembro do mesmo ano. No entanto, o prazo foi estendido mais duas vezes e a pista só deve ficar pronta na primeira quinzena de maio. Como o período é de chuvas, os skatistas temem que as obras se prolonguem ainda mais. “O que queremos é a retomada dos trabalhos em ritmo de obra, de fato, o que não está acontecendo. Com as chuvas, a tendência é que não concluam e pior ainda, que a água estrague o pouco que já foi feito”, frisa o analista de sistemas, Maurício Rodrigues.
O arquiteto Isaac Azoubel também era frequentador da pista do Parque Santana. Agora, ele e os colegas monitoram as obras para cobrar a entrega do equipamento. “Estivemos lá há 20 dias realizando um protesto e desde então as obras seguem paralisadas, estamos sempre monitorando e percebendo que tem coisas erradas. É um serviço simples, não tem porque demorar tanto tempo”, comenta. Sem a pista, eles precisam encontrar outros locais para praticar o esporte. “Destruiram a única pista no modelo característica de surfskate do Recife. A gente precisa ir para outros locais, como a pista do Pina, mas as características são outras. Se a gente quer uma pista realmente boa para essa modalidade, precisamos ir para outras cidades”, pontua.
Reajuste no projeto
O projeto ficou orçado inicialmente em R$ 474.832,56, mas o valor final, por causa dos atrasos e reajustes no projeto, vai ser R$ 594.417,90. Segundo a Secretaria de Turismo de Pernambuco, responsável pelo projeto, a entrega do skatepark foi adiada por problemas com uma estrutura de concreto durante as obras. “Atrasou devido uma antiga estrutura de concreto que, ao contrário do que foi previsto originalmente, não pode ser aproveitada. Foi necessário fazer um replanejamento para contemplar a demolição da antiga estrutura e implantação do novo concreto”, esclareceu o órgão, por meio de nota.
