ATIVIDADES MANUAIS

Artesanato e amor no resgate da autonomia de pacientes da Residência Terapêutica de Olinda

No local, moradores executam atividades manuais que ajudam na concentração e sociabilidade. Qualidade de vida dos pacientes vem aumentando com o projeto

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Publicado em 11/05/2019 às 12:25
Foto: Alexandre Gondim/ JC Imagem
No local, moradores executam atividades manuais que ajudam na concentração e sociabilidade. Qualidade de vida dos pacientes vem aumentando com o projeto - FOTO: Foto: Alexandre Gondim/ JC Imagem
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Flores de tecido, caixas, cestas, descanso de panelas, decorações e sacolinhas de lembrancinhas. Tudo feito com materiais recicláveis e com muito cuidado pelos moradores da Residência Terapêutica (RT) Masculina, em Jardim Atlântico, Olinda, no Grande Recife. A produção é resultado de atividades lúdicas promovidas pelos cuidadores, com o intuito de resgatar a autonomia e estabilizar a saúde mental dos pacientes da unidade. Na próxima semana, o material estará em exposição em uma casa, junto ao que é produzido pelo grupo da terceira idade, no Sítio Histórico de Olinda.

Na residência, onde atualmente vivem sete pessoas, a convivência mudou depois da implementação das atividades. Antes, os moradores brigavam e não conseguiam desenvolver as atividades diárias da casa. Agora, todos convivem em harmonia e cooperam para o funcionamento da unidade. Tudo resultado de anos de carinho e estímulos. “Nós precisávamos ter alguma metodologia que, aliada ao uso dos medicamentos, fizesse com que estas pessoas fossem ressocializadas. Decidimos começar desenhando e pintando, porque tudo o que concentra, acalma. E deu certo. Com amor e atenção, conseguimos ensiná-los a usar novamente o vaso sanitário, a comer, a tomar banho”, conta a arteterapeuta e gerente da RT, Tânia Bastos.

Segundo a coordenadora de Saúde Mental de Olinda, Flávia Roberta e Silva, atividades manuais aproximam os moradores e fortalecem o trabalho em conjunto. “Esses pequenos trabalhos auxiliam em relação às emoções, às angústias, e isso faz com que passem a compreender melhor o que sentem. O que queremos é despertar ou fazer um resgate de habilidades esquecidas por eles devido a diversos fatores”, acrescenta Flávia.

Evolução

Cícero Francisco da Silva tem 58 anos e vive na Residência Terapêutica desde sua criação, há sete anos. As mudanças no seu comportamento são tidas como exemplo de sucesso. Aos 79 anos, a aposentada Quitéria Galdino, mãe de Cícero, se emociona ao lembrar de como o filho era antes de fazer o tratamento na unidade. “Ele só vivia internado e, quando não tinha alta, fugia. Aqui ele se sente em casa, não é agressivo e faz tudo certinho. Para mim, é como um pedacinho do céu. Vejo meu filho calmo, limpo, comendo sozinho e fazendo todas as atividades”, diz. O relacionamento entre mãe e filho também mudou. Hoje, Cícero já abraça e beija Quitéria, que visita o filho duas vezes na semana.

Para fazer os artesanatos, os moradores utilizam materiais como embalagens de leite, café, garrafas, cordas e palitos. Nas visitas à praia, catam conchas para enfeitar as caixas. Tudo é feito respeitando o tempo e a vontade dos pacientes.

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