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Obras no Mercado da Madalena continuam paradas

A entrega da obra, anunciada conjuntamente pela Prefeitura e pelo governo do Estado, era inicialmente prevista para novembro de 2018

Da editoria de Cidades
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Publicado em 23/08/2019 às 17:37
Foto: Filipe Jordão/JC Imagem
A entrega da obra, anunciada conjuntamente pela Prefeitura e pelo governo do Estado, era inicialmente prevista para novembro de 2018 - FOTO: Foto: Filipe Jordão/JC Imagem
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Mais de um ano e quatro meses depois do anúncio do que seria a “requalificação total” do Mercado da Madalena, na Zona Oeste do Recife, muito pouco do prometido foi entregue. As obras, inicialmente previstas para terminarem em novembro de 2018, ainda estão inacabadas. A placa que sinaliza a reforma continua de pé na frente do equipamento, mas a data de conclusão e nome da empresa responsável, a BL Construtora e Serviços, foram apagados. O orçamento total chegava a aproximadamente R$ 1,5 milhão – sendo R$ 1 milhão em recursos federais e cerca de R$ 500 mil, municipais. O reparo foi anunciado conjuntamente pela Prefeitura do Recife e pelo governo do Estado a dois meses do início da campanha eleitoral do ano passado.

O projeto previa cobertura do espaço, adequação da acessibilidade, iluminação, restauro dos banheiros, pintura, drenagem, calçamento, implantação de paraciclos e lixeiras. Mas, segundo relatos de comerciantes e frequentadores, as únicas mudanças até agora foram a implantação de canaletas e remodelação dos banheiros da área de alimentação. Para eles, no entanto, o resultado deixou o local pior que antes. Os chuveiros foram retirados e não há torneira nem botão de descarga apropriados para pessoas deficientes. Do lado de fora do prédio, embora a fachada tenha sido iluminada e pintada, o pavimento está inacabado. O resto permanece intocado.

“O que teve não foi reforma, foi uma manutenção”, pontuou Neurides Fernandes, 60 anos, do bar Canto sertanejo, permissionária há duas décadas. “Começaram os banheiros e as calçadas. A visibilidade para o público é a obra da rua, quando se passa de ônibus parece que existe obra. Só que desde a campanha eleitoral do ano passado tudo parou”, contou.

“Vieram fazer as calçadas, gastaram R$ 38 mil nesse banheiro e acabou-se. O restante da coberta do mercado, não fizeram”, reclamou Fernando Correia, 67, da Confraria do chifrudo, uma das atrações do espaço. “Um mercado como esse, conhecidíssimo e centenário, é uma referência para o Recife. Mas um turista vem para cá e vê seboseira, calçamento quebrado. Você não oferece a ele uma coisa boa com um mercado assim”, afirmou.

É consenso entre os comerciantes que a má condição do equipamento prejudica os negócios. “Até os clientes falam: ‘Cadê a reforma que iam fazer?’. E a gente diz: foi isso, né. A calçada, a frente, o banheiro e a fiação. Terminou por aí”, relatou Simone Sales, 49, locatária de um box de roupas e artigos indianos.

O aposentado Térsio Domingues, 60, um dos clientes assíduos, se incomoda com a situação. “O negócio é sério. A gente ainda vem porque frequenta o mercado há muitos anos. Mas o local que não te dá condições, a vontade de estar em um ambiente desses some”, revela. O amigo, o representante comercial José Antônio Farias, concorda. “Essa reforma não mudou nada. Faltam pintura melhor, piso, coberta geral, estacionamento, melhor acesso ao pedestre. É isso que deixa a gente um pouco sem esperança de que as coisas melhorem”, complementou.

A Companhia de Serviços Urbanos do Recife (Csurb), que responde pelos mercados públicos, alegou não ser responsável pela etapa da reforma realizada até então, e não comentou sobre o assunto. Em nota, a Secretaria de Turismo, Esportes e Lazer de Pernambuco (Setur) respondeu que as obras estão paralisadas após a “constatação de que o madeiramento da coberta do mercado tem que ser totalmente recuperado. Isso não estava previsto inicialmente”. A pasta informou que o “projeto para o replanilhamento do mercado encontra-se em fase de elaboração. Assim que for concluído, será enviado para a Caixa Econômica Federal para aprovação”. A Setur não disse o montante de recursos investido nos reparos.

Calçada

A reforma contempla o entorno da Praça Solange Pinto, no entorno do mercado. Toda a extensão da calçada e do acostamento no perímetro estão incompletos, com quase metade da área sem piso. No início das obras, o calçamento inteiro foi retirado para implantação de um novo. Segundo o taxista Renildo Lima, 65, que trabalha na área há 44 anos, a última vez que um representante da obra apareceu foi em janeiro. “A empresa terceirizada disse que voltaria depois, disse até a data, e não voltou. Já faz sete meses”, relembrou. 

Para ele, os trechos só se deterioraram. “Antes havia buraco mas não estava assim. Quando começaram a abrir, ficou pior do que antes”, opinou. “Aqui nos dias de chuva fica um sufoco. Muita poça d’água. O passageiro embarcava com os pés cheios de lama. Prejudica o trabalho da gente, a mobilidade, outros usuários e os comércios das redondezas”, avaliou.

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