CATOLICISMO

Bênção de São Félix é candidata a patrimônio imaterial de PE

Celebração religiosa católica, a Bênção de São Félix ocorre há mais de 80 anos no Recife e reúne de quatro a oito mil pessoas toda semana na Basílica da Penha

Cleide Alves
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Cleide Alves
Publicado em 06/09/2019 às 8:25
Foto: Ashley Mello / Acervo JC Imagem
Celebração religiosa católica, a Bênção de São Félix ocorre há mais de 80 anos no Recife e reúne de quatro a oito mil pessoas toda semana na Basílica da Penha - FOTO: Foto: Ashley Mello / Acervo JC Imagem
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A Bênção de São Félix, que leva milhares de fiéis todos os anos à Basílica da Penha, no Centro do Recife, poderá ser a primeira manifestação religiosa católica registrada como patrimônio imaterial de Pernambuco. O pedido foi apresentado nessa quinta-feira (5) por iniciativa do Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural e aprovado por unanimidade pelos integrantes da entidade, em reunião de rotina.

“Aprovamos a abertura do processo de registro da celebração como patrimônio imaterial”, informa o presidente do conselho, Aramis Macedo. O pedido, na verdade, foi feito há cerca de quatro anos, mas não havia lei estadual para dar sustentação jurídica ao reconhecimento, diz. Só em setembro do ano passado o governo publicou a Lei n° 16.426, que estabelece critérios para o registro.

Ele pretende entregar ainda nesta sexta-feira (6) ofícios com a decisão do conselho ao secretário de Cultura de Pernambuco, Gilberto Freyre Neto, e ao presidente da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), Marcelo Canuto. “Vamos protocolar os ofícios e levar também o parecer do conselheiro Marcus Prado”, acrescenta Aramis Macedo.

Realizada no Recife há mais de 80 anos, sempre às sextas-feiras, a Bênção de São Félix atrai de quatro a oito mil pessoas toda semana, de acordo com frei Luiz de França, reitor da Basílica da Penha. A igreja fica no bairro de São José e foi construída no século 19. “A bênção teve origem em Roma, quando São Felix (1515-1587) ainda era vivo. Mas ficou famosa e ganhou o mundo depois que uma senhora se benzeu com o óleo da lamparina do túmulo de São Félix e alcançou a cura de uma doença”, informa o frade capuchinho.

A Basílica da Penha recebeu a lamparina em 2013 de capuchinhos italianos que vieram ao Recife em comitiva para conhecer a Bênção de São Félix da cidade. É uma peça de louça, feita de cerâmica da Turquia, diz frei França. A relíquia é exposta ao público uma vez ao ano, na festa do santo, dia 18 de maio.

“Em Pernambuco, celebramos a Bênção de São Félix nos conventos do Pina, Caruaru e Bom Conselho. E levamos a manifestação para Fortaleza. Mas nenhuma tem a mesma expressão da bênção da Basílica da Penha”, destaca o frade. Segundo ele, o público na última sexta-feira de dezembro e na primeira sexta-feira do ano ultrapassa 30 mil devotos.

Frei França ressalta o caráter inclusivo da Bênção de São Félix na Igreja Católica. “É um aspecto muito bonito, a bênção é dada a crianças, jovens, anciãos, pessoas casadas e separadas, sem nenhuma distinção”, afirma o religioso. Integrante do Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural, ele está confiante na aprovação do registro da festa como patrimônio imaterial. “O caminho está aberto porque a proposta partiu do conselho.”

INVENTÁRIO

Como prevê a Lei Estadual nº 16.426/2018 (artigo 2º do 7º parágrafo), o conselho precisa dar conhecimento ao secretário de Cultura sobre a abertura do processo de registro da Bênção de São Félix como patrimônio cultural imaterial, esclarece Aramis Macedo. “Também temos de solicitar à Fundarpe a elaboração do inventário da manifestação”, afirma Aramis Macedo. O estudo e o parecer da Fundarpe deverão de ser submetidos ao conselho para a decisão final.

A Secretaria de Cultura e a Fundarpe informam que tomaram conhecimento da intenção do Conselho de Preservação do Patrimônio e estão aguardando o encaminhamento formal da decisão do colegiado para dar início ao procedimento de registro do bem. Para elaborar o inventário é necessário resgatar toda a história da festa, como manifestação religiosa e cultural, além de fazer entrevistas com fiéis, comenta Aramis.

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