CARUARU

Assentamento Normandia recebe apoio político para tentar reverter reintegração de posse

Acampamento permanente no local, organizado pelo MST, já reúne 1,2 mil pessoas

JC Online
Cadastrado por
JC Online
Publicado em 16/09/2019 às 6:10
Fotos: Matheus Alves
Acampamento permanente no local, organizado pelo MST, já reúne 1,2 mil pessoas - FOTO: Fotos: Matheus Alves
Leitura:

A repercussão da ordem de reintegração de posse da área de 15 hectares dentro do assentamento Normandia, em Caruaru, sensibilizou deputados federais que compõem a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara numa articulação junto à Justiça e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). A expectativa da diretoria do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) é de que uma comissão de pelo menos seis parlamentares esteja reunida nesta segunda-feira (16) com representantes dos dois órgãos, além do Ministério Público Federal (MPF), para tentar reverter a decisão de desocupação da área, onde já estão acampados desde o último sábado cerca de 1,2 mil assentados e apoiadores dos trabalhadores rurais.

“Estamos esperando amanhã (segunda-feira, 16), a chegada de uma comitiva de deputados que compõem a Comissão de Direitos Humanos da Câmara (Federal). Seis parlamentares virão, além de deputados estaduais de Pernambuco. A programação é sentar com presidência do Tribunal Regional Federal (TRF5), em seguida com a superintendência do Incra e representantes do Ministério Público Federal. Queremos sensibilizar tanto a justiça quanto o Incra sobre a importância do espaço para a história dos assentamentos do Estado e do País. (Normandia) é um assentamento que deu e está dando certo”, diz o membro da direção estadual do MST de Pernambuco, Paulo Mansan.

Segundo Mansan, devem estar em Caruaru nesta segunda-feira os deputados federais João Daniel (PT-SE), Valmir Assunção (PT-BA), Marília Arraes (PT-PE), Carlos Veras (PT-PE), Túlio Gadelha (PDT-PE) e Célio Moura (PT-TO). “O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) também está entrando com um pedido para ser ouvido no processo. O assentamento tem vários investimentos do governo do Estado e, provavelmente, o governo deve ingressar na justiça como o terceiro interessado no processo”, presume Mansan.

O prazo para desocupação da área de 15 hectares de Normandia vai até a quinta-feira (19). No sábado, o MST deu início a um acampamento permanente no local. De acordo com o movimento, 1,2 mil pessoas já estão acampando no assentamento e, até a quinta, deverão estar cerca de 2 mil.

“Normandia hoje tem creche, duas quadras poliesportivas, Academia da Cidade, telecentro, casa da juventude e duas agroindústrias, com previsão de inauguração da terceira nos próximos meses. Tem uma padaria com capacidade de produzir diariamente 500 quilos; agroindústria de tubérculos e um frigorífico, que ficará pronto para produzir até 500 quilos todos os dias. São os assentados que coordenam e tocam tudo”, justifica Mansan.

Famílias

Ocupado em 1993 e desapropriado em 1997, o assentamento Normandia tem cerca de 650 hectares, sendo 10 para cada uma das 41 famílias que vivem lá. Numa área comum, alvo da ordem de reintegração, está localizado o Centro de Formação Paulo Freire, que, segundo o Incra em petição inicial na justiça, foi construído “contra a vontade dos assentados do projeto e sem autorização”.

Últimas notícias