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Projeto de moradores transforma praças em San Martin, no Recife

Depois que os moradores se uniram ficou mais fácil cobrar ações da prefeitura

Maria Lígia Barros
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Maria Lígia Barros
Publicado em 01/10/2019 às 15:58
Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem
Depois que os moradores se uniram ficou mais fácil cobrar ações da prefeitura - FOTO: Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem
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Uma experiência no bairro de San Martin, Zona Oeste do Recife, mostrou que o esforço coletivo pode ser motor de mudança social e urbanística. Moradores do Conjunto Residencial Jardim do Forte e das vilas ao redor comemoraram com festa um ano do projeto que transformou a convivência e a paisagem das três praças por trás do prédio da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf).

O que antes era espaço para lixo, entulho e uso de drogas vai ganhando outra cara. As praças têm sido revitalizadas pelos residentes e pela Prefeitura do Recife, com reforma, arborização, atividades físicas, lúdicas e educativas. De repente, pessoas que não se viam há décadas ou nem sequer se conheciam passaram a se encontrar semanalmente no novo lugar, agregando jovens da comunidade carente vizinha. A data – celebrada na última quinta-feira (26) – marca o início das aulas de ginástica. A primeira de muitas iniciativas.

Tudo começou quando, incomodados com a violência e o abandono do espaço público, um grupo tomou medidas diretas para mudar o entorno. “A gente se juntou para ver o que poderia fazer com os espaços físicos, mas descobriu que a coisa era muito maior. Era uma questão também de falta de pessoas na rua. Cada um levantou seu muro, foi se isolando. Começamos a pensar ações para humanizar e trazer mais inclusão”, contou Adriana Souto, uma das organizadoras.

A associação virou a Amorforte, que passou a atuar para reconstruir o senso de comunidade. Bingos, festas de Natal, São João, aula de ioga, teatrinho para as crianças, feirinha orgânica com café da manhã coletivo das mãos de voluntários; tudo que pudesse proporcionar o reencontro entre os vizinhos. “Até visitas a pessoas doentes, e que vibram com nosso projeto mas não podem estar juntas”, citou. “É uma maneira de despertar o viver em comunidade, e ao mesmo tempo exigir do poder público”, resume.

Os moradores mapearam os problemas a curto, médio e longo prazo e buscaram o governo municipal. Conseguiram assim apoio da Emlurb para a manutenção dos equipamentos, incluindo a construção de uma quadra. Esta semana, a população vai continuar a pintura. “A gente quer mostrar que as comunidades podem levar projetos e pedir ajuda aos órgãos públicos.”

A ginástica também é fruto de parceria com a Secretaria de Esportes e Lazer do Recife. A educadora física Vanessa Costa, 36, dá aulas duas vezes por semana. “É muito gratificante porque estou vendo mais inclusão e socialização também.” A professora relata que todos aparecem para se exercitar: de crianças a idosos e pessoas com deficiência.

A cabeleireira Selma Ribeiro, 46, mora perto do condomínio, na Vila Trindade. Viu a movimentação e se juntou ao grupo. “As pessoas estão voltando a frequentar o lugar, têm se aproximado, mantido a praça organizada”, diz. “Já diz o nome da associação: Amorforte. É a coisa mais linda. Eu só tenho a agradecer.”

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