CIDADANIA

Antiga fábrica de estopa, no Zumbi, vira espaço de lazer e esportes

No local será instalado o Compaz Miguel Arraes. A obra está quase pronta, mas a população já usufrui do espaço

Margarida Azevedo
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Margarida Azevedo
Publicado em 08/12/2019 às 7:10
Foto: Bobby Fabisak / JC Imagm
No local será instalado o Compaz Miguel Arraes. A obra está quase pronta, mas a população já usufrui do espaço - FOTO: Foto: Bobby Fabisak / JC Imagm
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Enquanto jovens jogam futebol na quadra coberta, idosos caminham na pista de cooper. Outro grupo aproveita tampinhas de garrafa e improvisa uma partida de damas nas mesas instaladas na praça. Depois de mais de dez anos de espera, a antiga Fábrica de Estopas, na Avenida Caxangá, bairro do Zumbi, Zona Oeste do Recife, enfim se tornou um espaço de lazer e esportes. Vai abrigar o terceiro Centro Comunitário da Paz (Compaz) da capital pernambucana, batizado de Miguel Arraes. Está quase pronto. A previsão da prefeitura é concluir a obra na segunda quinzena deste mês. Apesar de não ter data ainda definida para inauguração oficial, o centro já vem sendo usado há mais de seis meses pela população.

“A parte externa foi concluída em abril. As comunidades do entorno são muito carentes de áreas de lazer. Pactuamos com os moradores e decidimos abrir para que aproveitassem o que estava pronto. A experiência tem sido boa. Enquanto permaneceu fechado, por exemplo, houve duas pichações. Depois, nada mais”, diz o secretário executivo de Segurança Urbana do Recife, Paulo Moraes. A quadra coberta é um dos locais mais disputados. Há também uma quadra de areia, um skate parque (com padrão olímpico) e um parque infantil. A pista de cooper mede 900 metros.

O Compaz tem ainda um cineteatro com capacidade para 125 pessoas, com equipamentos de ponta. “Vai ser um espaço para teatro, cinema, palestras, seminários, cursos. Ao lado dele estamos terminando a biblioteca. Falta colocar os vidros, climatizar e ajeitar o piso. Inicialmente o acervo é de 3 mil livros”, explica Paulo. O prédio comportará também uma Unidade de Tecnologia (Utec), com oferta de cursos para todas as faixas etárias; e um Centro de Referência de Assistência Social (CRAS).

Vizinho ao Centro Municipal de Educação Infantil (Cmei) Alcides Tedesco serão instalados contêineres para a parte administrativa do Compaz e para alojamento da Guarda Municipal. Um trecho onde ficam as ruínas da antiga fábrica está cercado por tapumes. Futuramente, a prefeitura pretende construir uma biblioteca.

“Será a maior de todas da Rede de Bibliotecas Comunitárias pela Paz, com uma área de 600 m². O projeto executivo está pronto, mas por enquanto não há previsão de quando será construída”, diz o secretário. Foram investidos R$ 6 milhões de verbas do governo federal e R$ 1 milhão do município.

“Está ótimo. Antes eu tinha que ir até a beira-rio para caminhar, distante de casa. Agora uso a pista de cooper. É muita gente aproveitando, de todas as idades. Nos fins de semana, então, fica lotado. Foi uma maravilha para nossa comunidade”, comenta a dona de casa Luzia Gomes, 60 anos, moradora do Sítio do Berardo.

HISTÓRIA

Houve muita cobrança da população para que o equipamento se tornasse realidade. Começou em 2008, quando o então prefeito João Paulo desapropriou o terreno. Uma votação do Orçamento Participativo, consulta popular para as demandas da cidade, elegeu que no local deveria haver creche, escola, unidade de saúde, praça e biblioteca. O prefeito seguinte, João da Costa, inaugurou o prédio do Cmei na última semana do seu mandato, em dezembro de 2012. Na gestão do atual prefeito Geraldo Julio, a obra foi interrompida algumas vezes por problemas com as construtoras.

“Esse espaço é sinônimo de muita luta, que teve início há mais de 10 anos. Está mudando a rotina do Sítio do Berardo e de outras comunidades como Cardoso, Torre, Rua da Lama, Madalena. Famílias aproveitam para passear, pessoas fazendo atividades físicas, crianças brincando, jovens usando a quadra. Antes não tínhamos nada disso. Vai melhorar ainda mais quando o Compaz for inaugurado”, destaca o empreendedor social Ângelo Felipe, um dos que reivindicou a transformação da antiga fábrica de estopa.

OUTROS CENTROS

Na primeira campanha que disputou, em 2012, Geraldo Julio, então candidato a prefeito do Recife, prometeu construir cinco Centros Comunitários da Paz (Compaz). Somente em 2020, último ano de sua segunda gestão como chefe do Executivo municipal, ele deverá entregar o quarto Compaz, que funcionará no Coque, na Ilha Joana Bezerra, área central da cidade. A previsão é que a unidade fique pronta no segundo semestre do próximo ano.

A capital conta hoje com o Compaz Governador Eduardo Campos, no Alto Santa Terezinha, inaugurado em março de 2016, e o Compaz Ariano Suassuna, existente desde março de 2017, no Cordeiro. Outros três centros estão previstos para serem instalados nos bairros do Pina e Ibura, na Zona Sul, e Várzea, Zona Oeste. O governo federal assegurou R$ 18 milhões, no final do ano passado, para execução dessas obras.

“Retomamos a obra do Compaz Dom Helder Camara, no Coque, em maio. Nossa expectativa é inaugurá-lo até o final de 2020. A estrutura está quase pronta, na fase de acabamento. A piscina está sendo reformada pois diminuímos a profundidade dela. Estão previstos estúdio de tv e escola de gastronomia, além dos serviços iguais aos que os outros centros oferecem”, explica o secretário executivo de Segurança Urbana do Recife, Paulo Moraes.

Segundo o secretário, a Caixa Econômica Federal acabou de aprovar o projeto para construção do Compaz do Ibura (R$ 6 milhões). A próxima etapa é a licitação. Não há como prever, diz ele, o tempo que vai durar até o início das obras. “Os projetos do Pina e da Várzea são parecidos com o do Ibura. Para esses ainda dependemos da aprovação da Caixa”, observa Paulo. O Compaz do Ibura ficará perto da ladeira que dá acesso ao bairro. Na Várzea será na Avenida Afonso Olindense e no Pina, próximo ao 19º Batalhão da PM.

 

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