Cultura popular

Maracatu Rural mantém tradição na Zona da Mata de Pernambuco

Estado conta com 105 grupos de maracatu de baque solto em atividade

Da editoria de Cidades
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Publicado em 09/02/2016 às 8:00
Foto: Heudes Regis/JC Imagem
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Durante dois dias, o JC acompanhou a preparação do Cambinda Brasileira e o Encontro de Maracatu Rural, em Nazaré da Mata, para produzir um ensaio fotográfico assinado por Heudes Regis (veja galeria), com texto de Adriana Guarda

 

A casinha amarela - de porta e janela verdes - parece crescer durante o Carnaval. Frenesi de gente entrando e saindo, comendo, vestindo fantasia, dançando. A pequena sede do maracatu Cambinda Brasileira, no Engenho Cumbe, é espaço de acolhimento. O coração do grupo de baque solto mais antigo em atividade no Estado (1918). Este ano o maracatu chorou. Foi o primeiro desfile depois da morte do presidente e mestre caboclo Zé de Carro. Para homenagear o líder o Cambinda saiu com bandeira nova e espera vencer o concurso este ano.

Quem assiste ao desfile dos maracatus não imagina a correria nos bastidores. Fantasias, chapéus, armações de saias, coroas, perucas e buquês enchem os cômodos da casa. Na cozinha uma rotatividade frenética. Folgazões se revezam na mesa e se arranjam pelo chão para "bater" um prato com feijão, arroz, macarrão e galinha guisada. Sustança para quem precisa enfrentar quatro apresentações ao longo do dia. São 15 quilos de feijão, 20 pacotes de macarrão, 12 quilos de arroz, 10 quilos de carne de boi e 12 quilos de frango apenas em uma refeição.

Os ônibus são um misto de transporte e camarim itinerante, trazendo golas, chapéus e guiadas. Além da arrumação (surrão, chocalho, gola e chapéu), cada caboclo incrementa a indumentária inspirados por suas crenças e segredos. Há 30 anos na caboclaria do Cambinda Brasileira, Zé Estavam amarra um galho de arruda ao cravo que coloca na boca. “Meu cravo está calçado pra me proteger”, conta.

A preparação espiritual do maracatu é feita por Dona Biu. A Dama de Paço, que carrega a calunga, passa 20 dias sem ter relação sexual e na última semana antes do Carnaval fica em retiro no centro de Dona Biu. “Mantemos nossos rituais religiosos, cada um ao seu modo. A preparação começa bem antes da festa, com banhos e orações. Cada caboclo tem um segredo na lança, na gola, no cravo”, diz o atual presidente Elex Miguel (conhecido como Léo).

Quando a festa começa o êxtase físico e religioso se misturam. Os arreiamás parecem flutuar no seu bailado de passos rápidos e chapéu de pena de pavão. Os caboclos de lança transbordam energia e arrebatamento debaixo de uma armação que pesa 25 quilos. “Eu já fico triste quando vejo que os dias estão passando e o Carnaval vai acabar”, diz o Zé Estevam. Com 60 anos de idade e uma vida curvado sobre o chão do canavial, impressiona a disposição do caboclo cada vez que o mestre termina uma loa e o terno (orquestra) recomeça a tocar.

O dia do Encontro do Maracatu Rural em Nazaré é o momento mais sonhado do ano. Neste domingo (8) desfilaram 38 grupos de 15 cidades da Mata Norte. É hora de virar majestade do Carnaval. Tempo de triunfo de um povo que dedica a vida, empenha a carne e a alma por amor à cultura popular.

Foto: Heudes Regis/JC Imagem
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