Carnaval 2018

Galo 2019 traz mulheres como protagonistas do frevo

Ela serão tema de homenagem do Galo da Madrugada

JOSÉ TELES
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JOSÉ TELES
Publicado em 30/11/2018 às 8:44
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Ela serão tema de homenagem do Galo da Madrugada - FOTO: Foto: Divulgação
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A homenagem do Galo da Madrugada 2019 às mulheres que ajudaram na trajetória da agremiação, com o tema Frevo Mulher, ratifica o protagonismo feminino no frevo, mesmo antes de o gênero ser definido. Surgido de uma dissidência do bloco Maruim Grande, no final de 1889, foi fundado o Clube Misto Vassourinhas. Entre os fundadores constam os nomes de Emiliana de Almeida Costa, Umbelina Patriarca da Costa, Maria Cândida, Maria Raposo de Assumpção e Joana Baptista, mulher e parceira do compositor Mathias Teodoro da Rocha na Marcha nº1 do Vassourinhas, o frevo de rua mais tocado no Carnaval de Pernambuco.

 Tem também a assinatura de uma mulher um dos mais recentes frevos-canção a entrar para o rol dos clássicos carnavalescos: Chuva de Sombrinhas, de Nena Queiroga e André Rio. Nena, aliás, é filha de uma das mais importantes intérpretes do frevo, Mêves Gama (1940/1999). Seu primeiro grande sucesso foi Segure seu Homem (1957), de Capiba. Mas Mêves Gama não era figura feminina isolada no rádio do Recife. Outras intérpretes tiveram grande popularidade em sua época, a exemplo de Nerize Paiva – falecia em 2014 –, com Qual é o Pó? (Sebastião Lopes, em 1958) e Operação Macaco (Sebastião Lopes e Nelson Ferreira em 196o).

 Em discos, os artistas locais só tiveram vez a partir da criação da gravadora Rozenblit, cuja fábrica começou a funcionar em 1954. Até então, os frevos que tocavam no Carnaval pernambucano eram gravados no Rio de Janeiro. Daí o motivo para alguns dos clássicos de Capiba ou Nelson Ferreira terem sido lançados por intérpretes do Sudeste. A carioca Carmélia Alves (1923/2012) teve o privilégio de lançar frevos como A Pisada é Essa (1952), Deixe o Homem se Virar (1952), É Frevo Meu Bem (1951) e Vamos Pra Casa de Noca (1954).

 O frevo mais bem sucedido dos que foram gravados na Rozenblit tem voz feminina: Evocação, de Nelson Ferreira, campeã do Carnaval brasileiro em 1957. Na verdade, são vozes femininas. As do coral do Coral do Batutas de São José, de timbres que os cariocas estranharam. No jornal Correio da Manhã, escreveu-se sobre Evocação:

 “Foi cantado pelos quatro cantos, levando a desvantagem de ter a letra difícil e ter sido gravado por um coro cuja dicção dificulta a aprendizagem da letra” O sucesso de Evocação com Banhistas do Pina só seria quebrado em 1985, quando Elba Ramalho fez ferver a plateia do Rock in Rio, com Banho de Cheiro, do caruaruense Carlos Fernando. Elba tornou-se uma das mais importantes intérpretes da história do frevo e é figura obrigatória no Galo, onde Frevo Mulher, do primo Zé Ramalho, levanta a multidão.

 2019

 Em entrevista coletiva na quarta (28), o Galo divulgou novos frevos – disponíveis nas plataformas digitais – e a camisa oficial. As cantoras Amelinha e Lia de Itamaracá, a atriz Fabiana Karla, a medalhista olímpica Yane Marques e a foliã Léa Lucas são as escolhidas para representar as mulheres no desfile do ano que vem, que vai ocorrer em 2 de março.

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