atualizada às 10h26 de 22 de janeiro de 2020
O sábado pode até ser de Zé Pereira. Mas, na cabeça e no coração de milhares e milhares de foliões, o dia é só dele e de mais ninguém. Um ano inteiro esperando por esse momento. Pela hora de reencontrá-lo, majestoso e absoluto, na Ponte Duarte Coelho. Ainda mais, dessa vez, que nem polêmica teve, de tão lindo que ele está. A saudade é tanta que, desde as 7h, já tinha gente chegando no Forte das Cinco Pontas, no bairro de São José. Mas, calma. A largada mesmo foi dada às 9h, após o tradicional anúncio dos clarins e trombetas dos carros alegóricos. Aí ninguém segura mais. São nove horas de desfile, num percurso de seis quilômetros, com gente se espalhando por seis bairros do Centro do Recife. Tem que ter fôlego de maratonista? Nem tanto. Precisa mesmo é ter frevo no pé e muito amor ao maior bloco de Carnaval de rua do mundo. Senhoras e senhores, com vocês, o Galo da Madrugada.
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Suado e sarado, no vigor dos seus 43 desfiles, o gigantesco clube de máscaras vai colocar nas ruas nada menos que 30 trios elétricos, puxados por artistas pernambucanos e nacionais. Uns debutando, como Pablo Vittar, mas a maioria deles já habituê da agremiação. Margareth Menezes, Marcelo Falcão, Tony Garrido e Gaby Amarantos vão se juntar a talentos da terra, como Michele Melo, Romero Ferro, Quinteto Violado, Maestro Forró, Cristina Amaral, André Rio e Almir Rouche.
Embora o frevo seja a língua oficial do Galo, não se engane: o perfil eclético das atrações já sinaliza o espírito democrático do desfile. Do axé ao sertanejo, do samba ao brega funk, do passinho ao pagode. Na real, o que importa é se divertir. E como o bom mesmo é “juntos e misturados”, os 12 primeiros trios elétricos vão vir com duetos pra lá de inspirados: Tony Garrido com Spok; Gabi Amarantos e André Rio; Elba Ramalho, ao lado de Marcelo Falcão; e por aí vai... Só para você já ir se preparando.
O tema deste ano do desfile é Xilogravura no Cordel do Frevo. A dupla de emboladores Caju e Castanha, homenageados do bloco, estará em um dos seis carros alegóricos. O coquista Galo Preto e o xilogravurista J. Borges, também homenageados, vão acompanhar a festa do camarote do clube de máscaras. Os desenhos de J. Borges, aliás, inspiraram a decoração dos carros alegóricos. Vão ter pássaros, pessoas, mandacaru e os famosos livretos de cordel colorindo as ruas do Recife, exaltando as belezas do universo cordelista.
Galo da Madrugada cabecista
Moderno que só ele, o Galináceo também é cabecista. Está antenado com os grandes temas da atualidade e vem este ano com uma pegada de sustentabilidade. Pensando na saúde do planeta, catadores de material reciclável vão atuar do início e no fim do percurso. Foram mobilizados 260 profissionais de dez cooperativas.
Tem mais. Seis ecopontos estarão espalhados ao longo do desfile para que os foliões possam descartar corretamente latinhas e garrafas plásticas. Não tem desculpa, portanto, para não fazer a sua parte e ajudar a cidade a ficar mais limpa. Já na frente da sede do clube haverá um painel, mostrando, em tempo real, quantas árvores deixaram de ser derrubadas, de acordo com o que foi coletado, avisa a diretoria da agremiação.
Pois, então. Se é verdade que o ano só começa depois do Carnaval, mais verdade ainda é que o Carnaval só começa com o Galo da Madrugada. Duvida? Pergunte aos dois milhões de foliões que hoje vão dar uma “passadinha” no Centro. O amor de um ano inteiro extravasado ali, naquelas ruas estreitas de São José, na imensidão da Guararapes, batendo forte o coração do Recife. É paixão que se conjuga no chão, no calor do meio-dia, 40 graus de diversão. Ainda está esperando o quê? Vista a fantasia, escolha o seu trio elétrico, se perca (ou se ache) na multidão. Sábado é dia de Galo, bebê.